segunda-feira, 22 de agosto de 2011

A Breve História da Editora Toró Na Cuca


Matéria originalmente escrita para o Escritablog

Começou com um desejo simples: escrever. Calhou deste que vos fala, Carlos Cyrino, e meu amigo Jean Di Barros escrevermos nossos primeiros romances quase ao mesmo tempo e sem que o outro soubesse. Como qualquer autor iniciante, fizemos a via crúcis de mandar nossos originais para as grandes editoras, e, como sempre acontece com qualquer novo autor, fomos devidamente rejeitados ou ignorados.
  
Ironicamente esse fato não nos desanimou, pelo contrário, ao mesmo tempo em que trocávamos críticas e impressões sobre a escrita um do outro, nossa produção textual aumentou exponencialmente. Mas visto que as portas das editoras estavam fechadas para nós, nos pareceu haver apenas dois destinos possíveis para nossas obras: o mofo no fundo da gaveta ou a publicação própria. A segunda opção nos pareceu mais atraente.

Nos juntamos a um terceiro amigo, Luciano Silveira, que também estava começando a se aventurar no mundo das letras, e decidimos lançar nossos livros nós mesmos, no tradicional esquema do “faça você mesmo”.
           
Certo, mas como faríamos isso? O que nós sabíamos do mercado editorial brasileiro? Absolutamente nada. O jeito seria meter as caras e ver o que acontece. Ir aprendendo com nossos erros.
          
Consideramos, é lógico, lançar o material pela internet, mas honestamente, e essa é minha opinião individual, o efeito seria o mesmo que colocar um original num foguete e enviá-lo ao espaço: a chance de alguém encontrar esse material seria infinitesimal.

Além do mais, somos de uma geração um pouco mais antiga (estamos todos na casa dos 30 anos ou chegando rapidamente lá), não gostamos de ler no computador, gostamos do romantismo do papel, de folhear as páginas. 
  
Mas também não somos idiotas a ponto de ignorar a grande rede e todas as novas gerações que passam os dias em frente ao computador. Só precisávamos elaborar melhor nossa estratégia.
  
Então, após muito deliberar, decidimos: abriríamos nossa própria editora, num esquema independente, a princípio para lançar nossos próprios trabalhos, e dependendo de como as coisas caminharem, para lançar também novos autores.
     
 Rapidamente a coisa cresceu numa proporção bem além do que havíamos visualizado na fase da concepção. De uma operação meio clandestina imaginada logo no começo, chegamos a empresa legítima. Após enfrentar a burocracia brasileira, tínhamos nossa empresa aberta e começamos a aventura.
  
Enfrentamos mais problemas, muitos relacionados à nossa imaturidade no mercado, outros tantos para deixar Murphy orgulhoso de sua lei. Mas fechamos o plano: lançaríamos o meu primeiro romance e o de Jean Di Barros simultaneamente, no bom e velho formato físico.
  
A internet, num primeiro momento, entraria como ferramenta de divulgação, não há como negar o poder dela para isso. Contudo, não é porque não gosto dela como opção de leitura que a ignoraríamos. Decidimos experimentar justamente com o formato do texto digital. Cada um dos três sócios-fundadores criou uma série gratuita, uma espécie de folhetim digital, ou sitcom literário, como passamos a chamar, devido à grande influência das séries cômicas da TV americana nesses trabalhos em particular.
    
Cada série conta com 26 capítulos, cada um com cerca de três a seis páginas, com periodicidade semanal. Foi a forma que encontramos de experimentar com a publicação online, testar seus benefícios e desvantagens para ver se vale a pena darmos um salto maior nesse campo no futuro. A princípio a ideia era disponibilizar esse material em nosso site oficial, mas como ele está em fase de reformulação, passamos a estudar outras formas de distribuição digital, como um mailing, formato que nos parece mais atraente no momento, pelo menos até criarmos um público fiel. Mas a verdade é que no momento ainda estamos estudando as vantagens e desvantagens de tais formatos e em qual deles lançaremos esses sitcoms literários. Temos planos de disponibilizar nossos livros para download pago, mas aí torcemos para que nosso nome já esteja ao menos um pouco consolidado. Dessa forma não seria um completo tiro no escuro, mas apenas mais um formato disponível aos leitores. Nosso principal meio sempre será o papel. A internet, embora indispensável hoje em dia, será trabalhada como um excelente complemento.
   
Por enquanto a aventura está só começando. Lançamos nossos dois primeiros livros, Espaços Desabitados (meu) e O Rabo do Cachorro – Uma Aventura Pop Cinco Estrelas (Jean Di Barros) no meio de dezembro de 2010, junto com o lançamento de nosso site oficial (www.toronacuca.com.br), onde os livros estão à venda.
   
No momento, os romances estão disponíveis em algumas poucas livrarias de São Paulo e em nosso site. Nosso próximo passo é correr atrás de distribuidoras e das grandes livrarias. Bem como aumentar nosso catálogo. Pretendemos lançar pelo menos mais dois livros em 2011. A Toró Na Cuca ainda é uma editora recém-nascida, está dando seus primeiros passos. Espero que em breve ela já esteja disputando maratonas. E se isso acontecer, eu volto aqui para contar.