sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Laranja Mecânica na Literatura e no Cinema - Parte Final: Livro ou Filme?



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O livro é uma leitura bem rápida (são cerca de 190 páginas), embora bem confusa, dado o enorme uso do dialeto nadsat, algo que, vale ressaltar, foi intencional por parte do autor, para causar estranhamento. No entanto, lá pela metade os termos estranhos que Alex e seus druguis usam já são plenamente assimilados e a leitura flui bem melhor (aliás, esses termos bizarros foram bastante diminuídos no filme).
           
Fora isso, a obra de Burgess é bem mais pesada, violenta e impiedosa. Usando um velho clichê, mas muito adequado a um trabalho como esse, é um “soco no estômago”.
           
Dinâmico, poderoso e inclemente. Em tempos de violência urbana exagerada, está atual como nunca, infelizmente.
           
Já o filme envelheceu um pouco, principalmente na direção de arte, que hoje parece brega demais, e no ritmo da narrativa, um tanto lento para os padrões do cinema atual.
          
Claro, ainda é um clássico de um dos maiores cineastas de todos os tempos, que deve ser assistido por qualquer apreciador, tanto do cinema, quanto de uma boa história. E o seu final sem dúvida é melhor e mais forte que o do livro (me refiro à versão inglesa e brasileira).
           
Mas, se o caso é sair de cima do muro e escolher apenas um, o livro é o vencedor. Porque dificilmente uma adaptação para o cinema supera a fonte original, e Laranja Mecânica, o filme, mesmo com a genialidade de Kubrick por trás, não consegue superar a escrita forte, urgente e extremamente chocante de Anthony Burgess.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Capangas Contratados – Episódio 4


Em homenagem ao fim do ano, um episódio erótico.

Agora, um novo capítulo de Capangas Contratados, só no próximo ano! Mais especificamente em 4 de janeiro, também conhecido como quarta que vem...

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Casa das mentiras




– Cê chegou tarde.
– Tava trabalhando.
– Sei...
– O que cê quis dizer com isso?
– Nada.
– Senti uma ironia nesse “sei”.
– Cê que tá achando coisa que não existe. Eu só sei falar desse jeito.
– Sei...
– Agora vai querer dar o troco, é?
– Como assim?
– Não se faz de engraçadinho, cê sabe do que eu tô falando.
– Juro que não tive intenção nenhuma.
– Eu acredito.
– De verdade ou tá sendo irônica?
– Qual você acha?
– Vou chutar “de verdade”.
– Então pronto.
– Cê ficou aqui o dia todo?
– E pra onde mais eu iria?
– Ficou aqui sozinha?
– Claro que sim.
– Não chamou nenhuma amiga?
– Cê sabe que eu não tenho nenhuma.
– Por que será?
– Quê?
– Nada.
– Vou fingir que não ouvi.
– Obrigado. E também não veio nenhum amigo?
– Pra quê esse interrogatório agora? Cê sabe que eu não conheço ninguém por aqui.
– Aquela gravata não é minha.
– Que gravata?
– Aquela listrada ali em cima do braço da poltrona.
– Cê deve ter largado ela lá.
– Eu não uso gravata cafona que nem essa. Não vai querer me dizer que é sua.
– ...
– Acabou o estoque de mentiras?
– Eu te odeio!
– Até que enfim alguma verdade nessa casa...