sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Sem TV e sem computador o Homer fica louco


Nas duas últimas semanas, seguindo recomendações médicas, acabei tendo de tirar umas férias forçadas de computador, televisão e cinema. Por isso o blog andou às moscas durante a semana passada. Admito, estou exagerando, não fiquei totalmente longe (só do cinema). A recomendação foi para pegar leve. Bem mais do que uso normalmente.

Deveria fazer só o básico. Olhar meus e-mails, conferir as notícias do dia, assistir uma série, ver um filme mais curto e olhe lá. Passei a racionar. E só então percebi o escopo total de minha dependência de TV e internet, a qual nunca neguei, mas não imaginava que teria tais proporções.

Minhas formas de entretenimento preferidas sempre foram primariamente visuais. Acrescente às já citadas a leitura e pronto. Mas não imaginei que ia ser tão duro cortá-las tão drasticamente. Foram duas semanas de limbo. Meio a parte do mundo. De tédio torturante, em sua maioria. Ainda bem que a leitura em papel estava liberada. E acho que, nesse período, escutei todos os meus discos.

Tive que mudar minha rotina, e eu não gosto disso. Os dias subitamente eram demasiadamente longos. Mas a necessidade é a mãe da invenção. Meus pertences nunca estiveram tão organizados. Voltei a ouvir rádio. Diabos, até mesmo saí quase todos os dias para caminhar. Você sabe, andar sem objetivo ou destino definido. Pessoas que não tem restrição com TV ou PC aparentemente fazem essa atividade por vontade própria.

Andei, andei e não cheguei a lugar algum. E ao final da segunda semana já me encontrava batendo a cabeça na parede. Se a energia elétrica subitamente abandonasse o mundo, concluí que ia querer ir junto com ela. Longas horas encarando o vazio provocam esse efeito. Eu até poderia escrever alguma coisa, mas não dava. Não porque violava as regras, mas porque minha vista não suportava mesmo. Cansava rapidamente. E é claro que, ironicamente, justamente quando estava impedido, me vieram um monte de ideias.

Escreva à mão, você me diz. Acho que não faço isso desde que saí do colégio, perdi os calos. Mas anotei várias delas. Quase desenterrei minha máquina de escrever, mas aí me lembrei que ela está sem tinta. O jeito foi anotar o que podia e esperar. Voltei essa semana, ainda não consigo dar carga total, mas é só questão de tempo até voltar à velha forma. Enquanto isso, vou dando minhas bicadas ainda modestas. Mas na TV já estou dando um arregaço!

Ah, sim, eu também não podia beber. Então, vamos recapitular: sem cerveja, quase nada de computador e TV. É, assim o Homer fica louco mesmo... de tédio.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Retomando as atividades


Após uma semana de parada completa, o blog volta a ser atualizado, como já aconteceu com o post da segunda-feira. Lentamente vou retomando o ritmo normal de publicação, bem como de produção de textos para o mesmo.

Depois de um tempo sem produzir, sempre fico meio enferrujado, então o volume de conteúdo das próximas semanas pode acabar ficando abaixo da média, enquanto não volto à boa e velha forma, mas em breve a situação voltará a se normalizar. Vejamos o que os próximos dias trazem.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Rinha – O Filme


Filme brasileiro, passado no país e com elenco nacional, mas quase todo falado em inglês e com um ainda mais inexplicável título original em espanhol. Se esse monte de idiotices não atiça a curiosidade, então eu não sei o que o fará.

A ideia até que é interessante, fugindo das temáticas tradicionais dos filmes brasileiros. Mas o resultado deixa a desejar e o longa é apenas razoável. Mas até que vale a assistida pelo monte de bizarrices apresentadas.

No elenco, nomes como Christiano Cochrane, Warley Santana, Leonardo Miggiorin, Maytê Piragibe, Paola Oliveira e Felipe Solari.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Serviço de utilidade pública II


Por motivos de força maior, este blog entra em um recesso forçado durante esta semana. Voltarei a atualizar (espero) na semana que vem.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

A chegada da idade na falta de sono


Eu gosto de dormir. O ato abre as portas para o mundo dos sonhos, bem mais interessante que a vida real. Ou seja, não sou da galera que considera dormir uma perda de tempo. Pelo contrário. Acho que exercita a criatividade e fornece material para incontáveis histórias.

Ultimamente, contudo, ando dormindo pouco. Não é insônia. Apenas passei a dormir bem menos do que dormia antes. Talvez seja um sinal da chegada da idade. Não dizem que velho dorme pouco?

Não estou com nenhum problema pessoal e nem preocupado com nada para ser algo de fundo nervoso. Simplesmente tenho dormido menos. Acordo normalmente, descansado, mais cedo que o de costume. Já tentei dormir mais cedo, não dá, fico rolando na cama.

Recentemente resolvi fazer um experimento. Como eu odeio acordar no susto com o som irritante do meu despertador, resolvi desligá-lo e acordar sozinho, fosse que hora fosse. Meu relógio interno já se adaptou ao despertador, me acordando sempre antes dele tocar.

Não deu certo, mesmo sabendo que o despertador não está ligado, acordo mais ou menos no mesmo horário de antes, coloque aí uns 20 minutos para mais ou para menos. Finais de semana fico acordado até mais tarde, aproveitar melhor, eu gosto da noite, durante um longo período quase troquei o dia por ela. Também não importa, acordo cedo mesmo assim. Que diabos vou fazer acordado às oito da madrugada em pleno domingão? Não sei, mas aparentemente meu corpo acha que deve pular da cama nesse horário.

Se eu forçar a barra, ficando uns dois dias seguidos indo pra cama bem tarde, eventualmente consigo acordar mais tarde, mas mesmo assim longe das indicadas oito horas de sono. E tudo bem, tirando as pescadas no começo da noite. Coisa de velho. Seria esse o modo como meu corpo me diz: ei, vamos ficar acordado? Você não tem mais tanto tempo pra desperdiçar como antigamente.

Como consequência, os dias estão maiores. As ideias, por outro lado, mais escassas. A idade chega, o sono se manda e o reino dos sonhos fica mais distante. Isso daria uma boa história do Sandman...

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Falsos documentários: Parte final – F for Fake


Leia também:

(F for Fake, EUA, 1973)
86min
Direção e roteiro: Orson Welles

O último filme dirigido por Orson Welles mostra de maneira lúdica, porém incisiva, uma dupla de falsificadores famosos. Welles investiga o excêntrico falsificador de obras de arte Elmyr de Hory e seu confidente e biógrafo, Clifford Irving, cuja biografia do magnata da mídia Howard Hughes, surgiu como a maior falsificação da década de 70.

Welles utiliza-se da estética documental, narração em over, depoimentos dos envolvidos, para, a todo momento, confundir o espectador. No início do filme, Welles aparece dizendo que o que ele mostrará na próxima hora é a absoluta verdade. Mas, fora o fato do longa ter mais de 60 minutos, Orson nos lembra no início do filme de que ele é um prestidigitador, um mestre na arte da enganação, e, a partir daí, ele passa a brincar com esse conceito do que é verdadeiro e do que é falso a todo o momento.

Nos é apresentada a história de Elmyr, que seria o maior falsificador de arte de todos os tempos. O diretor nos conta detalhes de sua vida e de sua carreira, intercalando depoimentos do próprio Elmyr. A grande questão é: seria Elmyr uma falsificação de Welles? Teria ele realmente existido ou ao menos ele teria sido baseado em alguém? É difícil para quem não pertence ao mundo das artes saber, pois sua história é tão bem fundamentada que é fácil crer em sua existência.

Depois Orson nos apresenta a história do parceiro de Elmyr, seu biógrafo, o escritor Clifford Irving, que teria sido ele próprio também um falsificador, enganando toda a América com uma falsa biografia sobre o magnata da imprensa, o recluso Howard Hughes. Irving nunca teria se encontrado com Hughes, e, portanto, a biografia que ele escreveu é uma fraude. Welles nos mostra várias teorias sobre o golpe de Irving, mas nunca esclarece a verdade.

O próprio diretor se compara a estes dois falsificadores. Em determinado momento, ele “interrompe” o filme para contar sua história, através de fotografias, trechos de filmes e depoimentos de gente que trabalhou com ele, de como começou no meio artístico como pintor, passando pelo teatro, e sua primeira grande falsificação, a transposição da obra A Guerra dos Mundos, de H.G. Wells, para o rádio, onde ele deixou pouco mais de um milhão de ouvintes apavorados achando que o falso noticiário (formato encontrado por ele para transpor a obra) era real.

Após pedir desculpas publicamente, Welles foi convidado para trabalhar em Hollywood, onde realizou Cidadão Kane, seu primeiro filme, considerado por muitos como o melhor longa-metragem de todos os tempos. Ironicamente, a história de Cidadão Kane se baseia na vida de Howard Hughes, ligando o próprio Orson Welles a Clifford Irving, que pode ou não ser criação sua.

No final, ainda há a história de Picasso, contada com maestria pelo próprio Orson, ligando o artista a Elmyr. A história é tão boa que quase nos faz querer acreditar que seja verdade, porém, este caso é contado depois de uma hora de filme.... Assim, Orson Welles deixa como legado uma obra-prima que nos demonstra com audácia a natureza ilusória da autoria e da verdade.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Argo


Ben Affleck é muitas coisas. Brother de Matt Damon e metade da dupla ganhadora do Oscar pelo roteiro de Gênio Indomável. Um ator de razoável para baixo. Amigão de Kevin Smith, um dos poucos que conseguem lhe tirar boas performances. Um dos responsáveis pelo fracasso do filme do Demolidor, graças a mais uma de suas famosas más atuações.

Recentemente, também passou a ser diretor. E essa tem se mostrado sua melhor faceta. Seu terceiro filme, Argo, é simplesmente impressionante, e mostra como ele evoluiu horrores na cadeira de diretor. Um dos melhores filmes do ano, sem dúvida.

No elenco, além do próprio Affleck, estão Bryan Cranston, Alan Arkin, John Goodman, Tate Donovan, Clea DuVall, Kyle Chandler e Richard Kind.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Falsos documentários: Parte IV - Zelig


 Leia também: 

(Zelig, EUA, 1983)
79min
Direção e roteiro: Woody Allen

Leonard Zelig viveu nos EUA dos anos 20 e 30 e virou celebridade mundial por causa de sua peculiar doença. Zelig, um sujeito miúdo, sem graça e totalmente desprovido de personalidade, é tão ansioso em agradar às pessoas que o cercam (e de ser aceito por elas) que acaba desenvolvendo um extraordinário poder de mimetismo. Ele se torna um verdadeiro camaleão humano capaz de absorver involuntariamente as características físicas e psicológicas de quem estiver por perto, seja um influente político, um músico negro, um indivíduo gordo ou com traços orientais.

Partindo dessa premissa, Woody Allen realizou, em 1983, um falso documentário sobre essa “figura histórica”. A estranha trajetória de Zelig, interpretado pelo próprio Woody Allen, é relatada como se fosse um documentário convencional: narração em over, depoimentos de pessoas que conheceram Zelig de alguma forma, coletâneas de fotografias, cinejornais de época, é como se o filme inteiro fosse um gigantesco cinejornal, bem ao estilo do cinejornal do começo de Cidadão Kane.

Allen brinca o tempo inteiro com o verdadeiro e o falso: há depoimentos fictícios e reais, sequências forjadas de cinejornais sobre o fenômeno Zelig e cinejornais antigos verdadeiros, nos quais a figura de Zelig é inserida com sutileza e humor. Os efeitos são magníficos, méritos do fotógrafo Gordon Willis, e um meticuloso trabalho que durou três anos. Onze anos antes de Forrest Gump, de Robert Zemeckis, Allen coloca seu personagem próximo a Adolf Hitler, ao lado do papa Pio XI no Vaticano, e de outras celebridades da época, como Eugene O’Neill, F. Scott Fitzgerald, Charlie Chaplin, Josephine Baker e Charles Lindenbergh, entre outros.

A partir do momento em que a mídia descobre a existência de Zelig, ele é internado num hospital psiquiátrico, onde é tratado pela médica interpretada por Mia Farrow, embora ele, com muita naturalidade, logo comece a agir como um discípulo de Freud.

Enquanto isso, o país acompanha atentamente todas as notícias sobre ele, e o transformam numa espécie de herói, criando músicas a seu respeito e levando sua história para o cinema de ficção. Em determinados momentos, cenas desses filmes inspirados no caso Zelig (todos obviamente falsos) são mostrados para que tenhamos uma idéia do que foi o fenômeno.

Diferentemente dos dois filmes já comentados, este não tinha a menor intenção de confundir os espectadores, dado o absurdo da história e nem de se valer de uma jogada de marketing. A intenção de Woody Allen foi simplesmente de brincar com outra forma de narrativa, trazendo essa estética documental para os filmes de ficção.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Muse – The 2nd Law


Eu adoro o Muse. Eles são pomposos, megalomaníacos, exagerados ao ponto do histriônico. E ainda assim funciona para eles que é uma beleza. Nesse novo disco eles flertam com o tal do dubstep e também com o funk/pop do Prince, conforme já falei nesse post.

Não é o melhor trabalho deles, mas é um ótimo disco. E ao menos mostra que eles continuam irrequietos em sua vontade de experimentar e adicionar novos elementos ao seu som. É algo a se respeitar.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Frankenweenie


A nova animação dirigida por Tim Burton é baseada em um de seus primeiros curtas-metragens, de 1984. No filme, o menino Victor Frankenstein reanima o cadáver de seu cão Sparky, após este morrer tragicamente.

Tem todas as marcas registradas de Tim Burton, o visual deslumbrante, os personagens bizarros e a trama cheia de elementos mórbidos, mas de condução leve e divertida. E, no entanto, é inegável que nos últimos anos o diretor anda apenas se repetindo e seus filmes não possuem mais a mesma força de outrora. Esse aqui se encaixa nessa categoria. É ok, mas nada marcante.

No elenco, as vozes de Catherine O’Hara, Martin Short, Martin Landau, Winona Ryder, Charlie Tahan e Conchata Ferrell.