O 13º e último episódio de Vida e Obra de um Ninguém foi ao ar semana passada. Agora, é hora de fazer aquele balanço tradicional. De modo geral, gostei muito mais de escrever estes 13 episódios do que todos os 42 de Capangas Contratados (estou contando aí também os episódios da segunda temporada, que já estão no papel).
Foi
mais prazeroso de produzir, bem como de ler. Mas claro, só posso falar por mim.
O fato é que Capangas sempre foi
apenas uma brincadeira com estilos, gêneros e referências. Gosto de tudo isso,
mas não me identifico exatamente. Como já devo ter dito num dos textos
relacionados a essa Sitcom, não saio por aí dando tiro nos outros ou
extorquindo taxas de proteção.
Vida e Obra tem o elemento do pé no chão. Tem muita coisa de
verdade, grandes pedaços biográficos, tanto para o protagonista quanto para o
autor. Só isso já é suficiente para ela me ser muito mais atraente. Para que eu
tenha um carinho especial por ela.
Gostei
muito do resultado. É difícil eu ficar satisfeito com um trabalho, mas esse
conseguiu. Claro que há sempre uma coisinha ou outra que mudaria se pudesse,
isso é normal, faz parte do ofício. O que importa é que consigo acreditar nas
tramas (ao menos na maioria delas) e nos personagens. Não só porque eles existem
de fato e grande parte dessas coisas aconteceu mesmo. E daí que é verdade? Se
eu tivesse escrito mal, ninguém ia acreditar nisso, nem mesmo eu. Acho que essa
tarefa, ao menos, eu consegui realizar de maneira satisfatória.
Existem
muitas outras histórias a serem contadas. Muita coisa boa ficou de fora e a
série poderia ter tido facilmente o dobro de sua duração. Mas eis a
encruzilhada: não vou retomá-la. Para mim, essa temporada fechou redonda, e
tudo que viesse depois seria apenas repetição do mesmo tema. E, para ser bem
franco, esse formato de Sitcom Literária me deu uma cansada (e apesar de ter
tido um retorno legal, foi longe do esperado), e preciso de um bom tempo longe
dele, se é que vou retomá-lo. Claro, tem a segunda temporada do Capangas, mas depois, quem sabe...
Talvez
eu conte essas outras histórias num formato diferente, talvez até em romance,
como era para ter sido originalmente, mas isso é coisa bem para o futuro. Tenho
outras histórias na fila para tirar da cabeça antes. Talvez eu as acabe
deixando de lado e esquecendo, é sempre uma possibilidade.
Não
posso encerrar sem antes retomar outro tema bastante falado sobre essa série,
seu protagonista e a pessoa que o inspirou. Outro dia minha mãe disse
exatamente a mesma coisa que o parceiro Jean Di Barros me falou tantas vezes
quando conversávamos sobre a série: seu pai vai pegar mal.
Eu
realmente espero que não e reforço que essa nunca foi a intenção. Apesar de não
termos o melhor relacionamento do mundo, jamais pretendi usar essa narrativa
para descontar mágoas ou como sessão de terapia. Só achei que, apesar de nossos
problemas, meu pai é uma figura e tem um monte de histórias interessantes que
mereciam ser contadas, ou que inspiraram tramas mais exageradas.
Não
perco meu tempo falando de quem não gosto e muito menos escreveria 13 episódios
apenas para aplacar qualquer tipo de rixa pessoal. Pelo contrário, não dizem
que a sátira é uma das melhores formas de lisonja? Pois então.
Sendo
assim: pai, se algum dia você ler a série e este texto aqui, espero que não
leve a mal, e sim como uma homenagem. Meio torta, até um pouco sacana, mas
ainda assim de boa intenção. Histórias boas devem ser contadas, e as que você
inspirou foram feitas com todo carinho possível.
Seja
como for, agora estão encerradas. Vida e
Obra de um Ninguém está oficialmente terminada. E tenho dito.
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