Nas
duas últimas semanas, seguindo recomendações médicas, acabei tendo de tirar
umas férias forçadas de computador, televisão e cinema. Por isso o blog andou às moscas durante a semana
passada. Admito, estou exagerando, não fiquei totalmente longe (só do cinema).
A recomendação foi para pegar leve. Bem mais do que uso normalmente.
Deveria
fazer só o básico. Olhar meus e-mails, conferir as notícias do dia, assistir
uma série, ver um filme mais curto e olhe lá. Passei a racionar. E só então
percebi o escopo total de minha dependência de TV e internet, a qual nunca
neguei, mas não imaginava que teria tais proporções.
Minhas
formas de entretenimento preferidas sempre foram primariamente visuais.
Acrescente às já citadas a leitura e pronto. Mas não imaginei que ia ser tão
duro cortá-las tão drasticamente. Foram duas semanas de limbo. Meio a parte do
mundo. De tédio torturante, em sua maioria. Ainda bem que a leitura em papel
estava liberada. E acho que, nesse período, escutei todos os meus discos.
Tive
que mudar minha rotina, e eu não gosto disso. Os dias subitamente eram
demasiadamente longos. Mas a necessidade é a mãe da invenção. Meus pertences nunca
estiveram tão organizados. Voltei a ouvir rádio. Diabos, até mesmo saí quase
todos os dias para caminhar. Você sabe, andar sem objetivo ou destino definido.
Pessoas que não tem restrição com TV ou PC aparentemente fazem essa atividade
por vontade própria.
Andei,
andei e não cheguei a lugar algum. E ao final da segunda semana já me
encontrava batendo a cabeça na parede. Se a energia elétrica subitamente
abandonasse o mundo, concluí que ia querer ir junto com ela. Longas horas
encarando o vazio provocam esse efeito. Eu até poderia escrever alguma coisa,
mas não dava. Não porque violava as regras, mas porque minha vista não
suportava mesmo. Cansava rapidamente. E é claro que, ironicamente, justamente
quando estava impedido, me vieram um monte de ideias.
Escreva
à mão, você me diz. Acho que não faço isso desde que saí do colégio, perdi os
calos. Mas anotei várias delas. Quase desenterrei minha máquina de escrever,
mas aí me lembrei que ela está sem tinta. O jeito foi anotar o que podia e
esperar. Voltei essa semana, ainda não consigo dar carga total, mas é só
questão de tempo até voltar à velha forma. Enquanto isso, vou dando minhas
bicadas ainda modestas. Mas na TV já estou dando um arregaço!
Ah,
sim, eu também não podia beber. Então, vamos recapitular: sem cerveja, quase
nada de computador e TV. É, assim o Homer fica louco mesmo... de tédio.