sexta-feira, 22 de junho de 2012

Discografia Nirvana – Parte I


Após um período dedicado aos quadrinhos, a discografia está de volta, agora para analisar a obra do Nirvana, mais um dos representantes do meu Top 5 de bandas favoritas de todos os tempos, ocupando a honrosa terceira posição. Foi uma das bandas da minha adolescência, ainda que eles já não existissem mais quando eu era adolescente. Mas isso só vem a comprovar a força de sua música, relevante até hoje.

O trio formado em 1987 na cidadezinha de Aberdeen, Washington por Kurt Cobain (vocais e guitarra), Krist Novoselic (baixo) e Chad Channing (bateria), mais tarde substituído por um tal de Dave Grohl, começou como uma típica banda alternativa de garagem, misturando punk, hardocre, hard rock e pop em músicas diretas, barulhentas e, no entanto, bastante melódicas.

Não demorou para a banda se tornar a maior representante do chamado movimento grunge, nascido na região de Seattle no começo dos anos 1990 e, com seu segundo álbum, Nevermind, ultrapassar a barreira independente e atingir o mainstream, mudando para sempre o panorama da música pop mundial. Se aqueles cabeludos esfarrapados podiam ser populares e vender milhões de discos, mantendo sua integridade artística, qualquer um poderia fazer o mesmo.


Bleach (1989)

O primeiro disco da banda, gravado por míticos 600 dólares emprestados pelo guitarrista Jason Everman, que, por sua vez, não tocou uma nota no álbum. Como era de se imaginar, falta requinte à produção e o som do grupo ainda está bastante cru. E, comparado a Dave Grohl, o baterista original, Chad Channing, que toca nesse disco, é praticamente um aprendiz. Contudo, muitas das marcas registradas da banda, a fusão de punk, alternativo e pop, já aparece bem representada em faixas como Blew, About a Girl, School, Negative Creep, Downer e na cover de Love Buzz. Contudo, as outras faixas são apenas regulares. É um disco que merece ser redescoberto.

Nota:


Nevermind (1991)

O que falar desse disco que milhares de veículos de jornalismo musical e fãs já não tenham falado ao longo desses 21 anos? Comentar a importância desse disco para a cena rock dos anos 90 e comentar seu status como um dos últimos grandes trabalhos do gênero é chover no molhado. Ao invés disso é só conferir o tracklist do disco e constatar: é basicamente um greatest hits. Das 12 faixas, apenas Lounge Act não ganhou exposição. O que também não quer dizer nada, porque a faixa em questão, assim como todas as outras, também é muito boa. Eis aqui um álbum verdadeiramente merecedor da alcunha conquistada: clássico.

Nota: 10


Incesticide (1992)

Coletânea de lados b e sobras de gravação, lançada na esteira do estouro de Nevermind. Tem faixas tipicamente nirvânicas, como Dive, Been a Son e Aneurysm, uma das melhores da banda (Sliver) e covers dos Vaselines (Molly’s Lips e Son of a Gun), uma das bandas favoritas de Kurt Cobain. E tem também coisas mais chatas e arrastadas, como Hairspray Queen, Big Long Now e Aero Zeppelin, que mostra a banda nos primórdios, ainda em busca de um direcionamento musical melhor. Não é um disco essencial, mas é cheio de bons momentos.

Nota:


In Utero (1993)

Por mais clássico e importante que seja Nevermind, devo admitir que várias vezes gosto muito mais de seu sucessor. Isso porque ele pega a fórmula do alternativo pop de seu antecessor e a leva um passo além, explorando os limites do comercialmente viável, testando a paciência do grande público com muita distorção e microfonias, em canções mais difíceis, como se quisesse afugentar os fãs de ocasião e manter apenas os verdadeiros. Só sei que uma das minhas favoritas, Scentless Apprentice, está aqui. E nem a chata faixa bônus Gallons of Rubbing Alcohol Flow Through the Strip é capaz de arranhar o brilho do último disco de estúdio do então trio. Despedida em grande estilo.

Nota: 9,5


MTV Unplugged in New York (1994)

Poucos meses antes de Kurt Cobain se matar, a banda gravou este acústico para a MTV (também lançado em DVD). Muitos consideravam que seria um tiro no pé o grupo conhecido pela fúria e pelo peso despir-se da eletricidade. O resultado, contudo, é um dos melhores acústicos da história, com o agora quarteto (com a adição do guitarrista Pat Smear) mostrando e ressaltando toda a melodia que ficava soterrada pelos pedais de distorção. Um setlist muito bem escolhido, privilegiando as faixas mais adaptáveis ao formato, junto de várias covers, culminando no encerramento arrepiante, com Where Did You Sleep Last Night, de Leadbelly. Mais um grande disco.

Nota: 10 

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