Após
um período dedicado aos quadrinhos, a discografia está de volta, agora para
analisar a obra do Nirvana, mais um dos representantes do meu Top 5 de bandas
favoritas de todos os tempos, ocupando a honrosa terceira posição. Foi uma das
bandas da minha adolescência, ainda que eles já não existissem mais quando eu
era adolescente. Mas isso só vem a comprovar a força de sua música, relevante
até hoje.
O
trio formado em 1987 na cidadezinha de Aberdeen, Washington por Kurt Cobain
(vocais e guitarra), Krist Novoselic (baixo) e Chad Channing (bateria), mais
tarde substituído por um tal de Dave Grohl, começou como uma típica banda
alternativa de garagem, misturando punk, hardocre, hard rock e pop em músicas
diretas, barulhentas e, no entanto, bastante melódicas.
Não
demorou para a banda se tornar a maior representante do chamado movimento
grunge, nascido na região de Seattle no começo dos anos 1990 e, com seu segundo
álbum, Nevermind, ultrapassar a
barreira independente e atingir o mainstream,
mudando para sempre o panorama da música pop mundial. Se aqueles cabeludos
esfarrapados podiam ser populares e vender milhões de discos, mantendo sua
integridade artística, qualquer um poderia fazer o mesmo.
Bleach (1989)
O
primeiro disco da banda, gravado por míticos 600 dólares emprestados pelo
guitarrista Jason Everman, que, por sua vez, não tocou uma nota no álbum. Como
era de se imaginar, falta requinte à produção e o som do grupo ainda está
bastante cru. E, comparado a Dave Grohl, o baterista original, Chad Channing,
que toca nesse disco, é praticamente um aprendiz. Contudo, muitas das marcas
registradas da banda, a fusão de punk, alternativo e pop, já aparece bem
representada em faixas como Blew, About a Girl, School, Negative Creep, Downer e na cover de Love Buzz.
Contudo, as outras faixas são apenas regulares. É um disco que merece ser
redescoberto.
Nota: 8
Nevermind (1991)
O
que falar desse disco que milhares de veículos de jornalismo musical e fãs já
não tenham falado ao longo desses 21 anos? Comentar a importância desse disco
para a cena rock dos anos 90 e comentar seu status como um dos últimos grandes
trabalhos do gênero é chover no molhado. Ao invés disso é só conferir o tracklist do disco e constatar: é
basicamente um greatest hits. Das 12
faixas, apenas Lounge Act não ganhou
exposição. O que também não quer dizer nada, porque a faixa em questão, assim
como todas as outras, também é muito boa. Eis aqui um álbum verdadeiramente
merecedor da alcunha conquistada: clássico.
Nota: 10
Incesticide (1992)
Coletânea
de lados b e sobras de gravação, lançada na esteira do estouro de Nevermind. Tem faixas tipicamente
nirvânicas, como Dive, Been a Son e Aneurysm, uma das melhores da banda (Sliver) e covers dos Vaselines (Molly’s Lips e Son of a Gun),
uma das bandas favoritas de Kurt Cobain. E tem também coisas mais chatas e
arrastadas, como Hairspray Queen, Big Long Now e Aero Zeppelin, que mostra a banda nos primórdios, ainda em busca de
um direcionamento musical melhor. Não é um disco essencial, mas é cheio de bons
momentos.
Nota: 8
In Utero (1993)
Por
mais clássico e importante que seja Nevermind,
devo admitir que várias vezes gosto muito mais de seu sucessor. Isso porque ele
pega a fórmula do alternativo pop de seu antecessor e a leva um passo além,
explorando os limites do comercialmente viável, testando a paciência do grande
público com muita distorção e microfonias, em canções mais difíceis, como se
quisesse afugentar os fãs de ocasião e manter apenas os verdadeiros. Só sei que
uma das minhas favoritas, Scentless
Apprentice, está aqui. E nem a chata faixa bônus Gallons of Rubbing Alcohol Flow Through the Strip é capaz de
arranhar o brilho do último disco de estúdio do então trio. Despedida em grande
estilo.
Nota: 9,5
MTV Unplugged in New York (1994)
Poucos
meses antes de Kurt Cobain se matar, a banda gravou este acústico para a MTV
(também lançado em DVD). Muitos consideravam que seria um tiro no pé o grupo
conhecido pela fúria e pelo peso despir-se da eletricidade. O resultado, contudo,
é um dos melhores acústicos da história, com o agora quarteto (com a adição do
guitarrista Pat Smear) mostrando e ressaltando toda a melodia que ficava
soterrada pelos pedais de distorção. Um setlist
muito bem escolhido, privilegiando as faixas mais adaptáveis ao formato, junto
de várias covers, culminando no
encerramento arrepiante, com Where Did
You Sleep Last Night, de Leadbelly.
Mais um grande disco.
Nota: 10
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