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O livro é uma leitura bem rápida (são cerca de 190 páginas), embora bem confusa, dado o enorme uso do dialeto nadsat, algo que, vale ressaltar, foi intencional por parte do autor, para causar estranhamento. No entanto, lá pela metade os termos estranhos que Alex e seus druguis usam já são plenamente assimilados e a leitura flui bem melhor (aliás, esses termos bizarros foram bastante diminuídos no filme).
Fora isso, a obra de Burgess é bem mais pesada, violenta e impiedosa. Usando um velho clichê, mas muito adequado a um trabalho como esse, é um “soco no estômago”.
Dinâmico, poderoso e inclemente. Em tempos de violência urbana exagerada, está atual como nunca, infelizmente.
Já o filme envelheceu um pouco, principalmente na direção de arte, que hoje parece brega demais, e no ritmo da narrativa, um tanto lento para os padrões do cinema atual.
Claro, ainda é um clássico de um dos maiores cineastas de todos os tempos, que deve ser assistido por qualquer apreciador, tanto do cinema, quanto de uma boa história. E o seu final sem dúvida é melhor e mais forte que o do livro (me refiro à versão inglesa e brasileira).
Mas, se o caso é sair de cima do muro e escolher apenas um, o livro é o vencedor. Porque dificilmente uma adaptação para o cinema supera a fonte original, e Laranja Mecânica, o filme, mesmo com a genialidade de Kubrick por trás, não consegue superar a escrita forte, urgente e extremamente chocante de Anthony Burgess.