quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Laranja Mecânica na Literatura e no Cinema - Parte I: O Livro



A história de Laranja Mecânica está intimamente relacionada à vida pessoal de seu autor, Anthony Burgess. Ele lançou seu primeiro livro, Time for a Tiger, em 1956. Em 1960 recebeu um diagnóstico de que tinha um tumor cerebral inoperável e teria no máximo um ano de vida.
           
Burgess então tomou uma decisão muito simples: nesse período que lhe restava escreveria o máximo de livros possível para garantir uma estabilidade financeira para sua esposa.
           
Segundo o texto introdutório da edição brasileira de Laranja Mecânica, da editora Aleph, escreveu cinco e meio. Esse meio sendo a obra em questão.
          
No entanto, ao final do tal ano, Burgess não morreu e descobriu ser vítima de um erro de diagnóstico (o autor só veio a falecer em 1993, aos 76 anos). Então, levou mais um ano para terminar a obra, publicada em 1962.
           
O motivo do atraso foi o preciosismo com um dos elementos que viriam a se tornar uma das marcas registradas deste trabalho, as estranhas gírias faladas pelo protagonista Alex e seus comparsas.
           
Com uma história passada num futuro nem tão distante, onde gangues de delinquentes juvenis apavoram a população, Anthony achava natural que eles falassem diversas gírias e que elas não poderiam ser facilmente reconhecidas. Criou então o chamado dialeto nadsat, com palavras adaptadas do russo. A pesquisa dessa língua e a criação dessas palavras de base russa foneticamente vertidas para o inglês, além da definição clara de seus significados, foi o que atrasou o término do livro.
           
Livro que tem uma estrutura muito bem definida. São três partes, com sete capítulos cada, totalizando 21 capítulos, a idade da maioridade legal na Inglaterra. Desta forma, a primeira parte mostra Alex e seus druguis cometendo seus atos de ultraviolência desenfreada. A segunda mostra o protagonista na prisão e se submetendo ao tratamento experimental da técnica Ludovico e a terceira retrata sua reintegração ao mundo livre, incapaz de cometer o menor ato de violência, nem mesmo para se defender.
           
Considerado um marco da literatura de ficção científica, forma uma espécie de trilogia de futuros pessimistas, ao lado de 1984, de George Orwell, e de Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley. Também é considerado um dos precursores da literatura cyberpunk, que tem seu nome mais famoso em William Gibson.

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