terça-feira, 31 de julho de 2012

Vida e Obra de um Ninguém – Episódio 8


A inspiração para esse episódio veio das minhas férias escolares. E do meu progenitor, óbvio, como já havia ficado estabelecido. Toda vez que eu o visitava, o velho estava de rolo com uma mulher diferente. A cada seis meses era uma nova. Nem sei quantas passavam por suas mãos nesse meio tempo.

É preciso admirá-lo. Ele não tem a beleza, não tem o charme, não tem o dinheiro... Mas alguma coisa deve ter (também não é aquilo que você deve estar pensando, eu garanto). Quem dera eu tivesse herdado a manha do véio, teria me poupado de muitas situações constrangedoras. Mas só puxei mesmo foi a mania de organização, o temperamento nervosinho e o dedo do pé encavalado. Valeu, genética!

Verdade seja dita, contudo, Papai Smurf também só pegava mulher de mediana pra baixo, daquelas que passam raspando, e isso dependendo da subjetividade da avaliação, afinal, o sujeito pode ser bom no que faz, mas também não é mágico.

A mulher que inspirou a personagem Marta existe, e era mesmo daquele jeito (as roupas brancas, o cigarro mata-rato), embora nem de longe fosse tão bagaceira assim (só um pouco). E também não tinha filhos (aí já uni com uma outra história). Na realidade, ela era muito gente boa. Me lembro até hoje que ela era uma das poucas pessoas de Bauru que tinha um videocassete e não tinha medo de usá-lo. Na casa dela me recordo de ter assistido Super Mario Bros. e O Gênio do Videogame. É, eu tava passando por uma fase de filmes sobre games...

Ficava assistindo um filminho enquanto eles iam fazer sei lá o quê. Você acha que criança dá a mínima pro que os adultos fazem? Esse foi um rolo que durou algum tempo, entre idas e vindas. Até que em determinadas férias voltei lá e tinha acabado de vez. Grande patriarca Cyrino já estava com outra mocréia, o nível baixando exponencialmente. Numa das últimas vezes que fui lá, já tava dando graças pela baranga ter dois dentes na boca e conseguir assinar o próprio nome. Mas como é mesmo aquele famoso ditado? Mais vale uma na cama, mesmo encarando de olhos fechados, que cinco dedinhos marotos. Bom, é mais ou menos por aí...

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Batman tem TOC


Essa matéria é antiga, bem antiga. A versão inicial surgiu lá pelos idos de 2002, em forma de tese acadêmica. Acabei usando-o como portfólio, apresentando-o ao Corrales logo que nos conhecemos (isso já em 2005) para que ele visse se meu texto era bom e se combinava com a proposta do Delfos.

E foi o Corrales que acabou se lembrando dela esses dias, eu já havia apagado-a completamente da memória. Mas poderia casar bem com a estreia de Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge. É tudo questão de timing.

Desenterrei-a, dei uma bela recauchutada, revisada, atualizada, cirurgia plástica, e o resultado final é esta versão totalmente nova que está publicada. Uma abordagem diferente para se falar do Homem-Morcego.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge


Sem dúvida, o filme mais esperado por mim este ano. Como fã do Batman, tudo que mais queria era que Christopher Nolan encerrasse sua trilogia sobre o personagem com uma terceira película de qualidade. E ele o fez.

Grande filme, pau a pau com o segundo. O que mais pesa a favor do Cavaleiro das Trevas é o Coringa. O vilão fez falta. Bane funcionou, mas não é tão marcante. E outra atuação como a de Heath Ledger vai demorar a aparecer, se é que aparecerá. Contudo, os outros aspectos da película ultrapassam em escala aqueles da segunda parte... Não preciso decidir isso agora, só sei que é um baita filme.

Com um baita elenco: Christian Bale, Gary Oldman, Tom Hardy, Joseph Gordon-Levitt, Anne Hathaway, Marion Cotillard, Morgan Freeman, Michael Caine, Matthew Modine, Daniel Sunjata e Nestor Carbonell.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Vida e Obra de um Ninguém – Episódio 7


Muita coisa do que está neste episódio constitui um monte de minhas lembranças mais antigas. E apesar de que talvez o texto possa sugerir o contrário, garanto que todas elas são saudosas.

Acho que sou um dos primeiros filhos da “geração divórcio”, certamente fui o único entre meus amigos durante um bom tempo. Pra mim, isso era o normal, e não o contrário. Era mais fácil todos os outros estarem errados e eu não me importava nem um pouquinho por ter uma família “quebrada”.

Todos esses elementos do capítulo combinados significavam, para mim, fins de semana na época coberta pela história. Motos eram equivalentes a naves espaciais, igualmente fantásticas. Guaraná quente nunca foi tão bom quanto naquela época. E, claro, He-Man e Esqueleto, os inimigos mortais. Como era fácil agradar uma criança pequena.

Essa época durou pouco, mas aparentemente marcou. Afinal, escrevi um episódio inteiro sobre ela. Dias atrás, tomei novamente um guaraná depois de anos. Quase sofri uma overdose de tanto açúcar que tinha naquela porcaria... Esse episódio é em homenagem ao sabor do guaraná da infância. Quente, de preferência!

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Batman – O Cavaleiro das Trevas

Nota: aproveitando o lançamento esta semana de Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge, desenterro mais uma resenha, esta de O Cavaleiro das Trevas, escrita à época de seu lançamento e antes publicada apenas em meu TCC do curso de jornalismo. É minha singela homenagem ao Homem-Morcego e ao fim da trilogia de Christopher Nolan. Minha resenha de Batman Begins escrita em meus primeiros dias no Delfos pode ser encontrada aqui. E uma resenha completamente diferente da que está abaixo, sobre a exibição em Imax de O Cavaleiro das Trevas, está aqui.


Para mim, este era o filme mais aguardado do ano. Aliás, desde o final de Batman Begins (2005), quando o tenente Gordon entrega a carta de baralho ao Batman, eu já vinha riscando os dias no calendário, esperando pela continuação.
         
Nisso, surgiram as primeiras notícias, uma agressiva campanha de marketing e os trailers. E tudo isso gerou um frisson monstruoso, tornando O Cavaleiro das Trevas o possível maior evento cinematográfico de 2008.
         
O meu problema com expectativas é que quanto maior elas são, geralmente a decepção vem na mesma proporção. Batman – O Cavaleiro das Trevas não somente cumpre tudo o que prometia, como ainda supera em muito todas essas já referidas expectativas.
         
Não somente é a melhor adaptação de HQs para o cinema já feita, como também é um senhor filme policial, como não se via desde a década de 70.
         
Em O Cavaleiro das Trevas, se junta à aliança entre o morcegão (Christian Bale) e o tenente James Gordon (Gary Oldman), o novo promotor público de Gotham, Harvey Dent (Aaron Eckhart). Chamado de Cavaleiro Branco de Gotham, Dent é um herói que Batman não pode ser: uma pessoa comum, com um rosto, incorruptível e que faz o certo porque acredita que pode fazer a diferença. E capaz de influenciar as pessoas de um modo saudável, algo que o morcegão não consegue. Desta forma, Batman caça os criminosos, Gordon os prende e Harvey os processa. Juntos, os três armam um plano para derrubar a máfia da cidade, atingindo-os onde dói mais, no bolso.
         
Mas o surgimento do Coringa (Heath Ledger) vai agitar as coisas e deixar toda a cidade em clima de terror, além de forçar o Homem-Morcego a ir aos seus limites, questionando sua própria influência na cidade e o nível de violência exigida para se chegar à justiça.
         
Essencialmente, essa é a trama básica, e bem básica mesmo, do filme. Contar mais poderia estragar muitas surpresas em potencial. E acredite, há muitas delas nos 152 minutos de projeção.
         
O grande mérito da película é não fazer concessões. Sim, é um filme de quadrinhos com censura baixa para atrair a molecada. No entanto, é violentíssimo sem mostrar uma gota de sangue. Respeita a fonte original (o roteiro foi influenciado pelas HQs A Piada Mortal e O Longo Dia das Bruxas), mas com coragem para modificar certos elementos e fazê-los funcionar melhor dessa forma. Tem muita ação e o nível de adrenalina fica constantemente lá em cima. No entanto, como o próprio nome já entrega, é o mais sombrio dos filmes do morcegão, com um clima dark e carregado e a sensação constante de que nem todos os personagens chegarão ao fim da jornada inteiros.
         
E, sobretudo, é um daqueles exemplares cada vez mais raros em Hollywood. Um filme de entretenimento onde o lado psicológico de seus personagens é mais importante que o número de explosões. E que diverte ao mesmo tempo em que faz pensar. E não somente aos fãs do personagem e de quadrinhos em geral, mas a qualquer um. Como disse, não é apenas uma adaptação de HQ, mas um policial de qualidade, como há muito não se via.
         
É um estudo sobre a maldade e os limites de uma crença. Tudo isso centralizado na figura do Coringa, o caos encarnado. Produto de uma sociedade cada vez mais amoral e corrupta. O que é mais assustador do que alguém sem motivação aparente para os atos mais bárbaros? É a pura representação do anarquismo. E o mais assustador ainda é notar que apesar de seus métodos terroristas, capaz de deixar Gotham City de joelhos, ele tem certa razão em fazer o que faz. Sim, eu acho que também sou anarquista...
         
O último trabalho de Heath Ledger, morto no início do ano, não somente é a encarnação definitiva do personagem (assustador, sádico e sim, cruelmente engraçado), bem como uma das maiores interpretações da história do cinema (coitado de quem for substituí-lo em projetos futuros. Essa pessoa terá de suar muito a camisa). Debaixo de uma maquiagem de pesadelos, Ledger desaparece na pele do Palhaço do Crime e se torna a grande força motora da película, ao lado da sensível interpretação de Aaron Eckhart como Harvey Dent, o último bastião de bondade em um mundo cada vez mais corrupto e violento.
         
Aliás, talvez essa seja a grande qualidade da película. Além de um elenco de nomes invejáveis, todos eles entregam performances não menos que ótimas. Christian Bale, como Bruce Wayne/Batman, está mais perturbado do que nunca, levado ao limite pela presença de seu maior vilão, seu exato oposto e talvez resultado de sua própria existência. Afinal, o conceito de escalada (policias usam armas semi-automáticas, os bandidos passam a usar automáticas. Um sujeito combate o crime vestido de morcego e começam a surgir criminosos insanos como o Coringa) é um dos temas da história.
         
As sequências de ação são maravilhosas (o uniforme novo de Batman permite uma maior movimentação de Bale, tornando as lutas ainda mais dinâmicas) e a sequência na China, por exemplo, deixa qualquer Missão: Impossível no chinelo. Engula essa, Ethan Hunt.
         
A fotografia é belíssima, escura e abusando de planos abertos e a trilha sonora, embora não seja marcante, acrescenta muito clima às imagens.
         
O ritmo da narrativa e a montagem são excelentes. A história não para nunca. Há tramas e mais subtramas que se desenrolam de forma natural e precisa, fazendo com que as duas horas e meia de duração passem num piscar de olhos.
         
E, ao final, a sensação de levar um soco no estômago é inevitável. Aqui não há finais felizes, vitórias completas e nem maniqueísmo. O mundo de O Cavaleiro das Trevas é composto apenas por áreas cinzas. Cabe aos personagens se equilibrarem nelas sem cair. O que talvez seja inevitável, mas para confirmar você terá de ver o filme.
         
Depois da experiência de assistir um filme como Batman – O Cavaleiro das Trevas, fica até difícil de pensar em voltar ao cinema este ano. A não ser que seja para revê-lo. E eu sem dúvida farei isso. Para filmes como este só existe uma palavra para defini-lo: clássico.

(The Dark Knight – EUA – 2008 / Policial/Ação – 152 minutos / Diretor: Christopher Nolan – Elenco: Christian Bale, Heath Ledger, Aaron Eckhart, Michael Caine, Maggie Gyllenhaal, Gary Oldman, Morgan Freeman, Cillian Murphy, Eric Roberts.)

sexta-feira, 20 de julho de 2012

O “Parmera” e a máquina do tempo


Semana passada o Palmeiras finalmente saiu da fila de títulos nacionais ao conquistar sua segunda Copa do Brasil, novamente com Felipão no comando. Antes disso, o time ficou 14 anos sem ganhar nada em âmbito nacional (o título da série B do brasileirão em 2003 não conta), desde 1998, quando ganhou a primeira Copa do Brasil e Scolari tinha mais cabelos e menos deles brancos.

Em 1999 ganhou a Libertadores e depois foi só ladeira abaixo. Mas o foco aqui, ressalto, é um torneio nacional e os 14 anos que separam um do outro. Uma suada vitória depois de todos esses anos surtiu um efeito inesperado. Fora a alegria por finalmente sair da fila, proporcionou também certa nostalgia. Foi praticamente uma viagem no tempo sem precisar de 1.21 gigawatts.

Catorze anos... é tempo pra caramba. É todo um adolescente irritante. Eu ainda não me barbeava, não bebia, não tinha carteira de motorista, não tinha grandes pretensões e todas as decepções eram insignificantes. Era um outro mundo.

Era um mundo colegial, de uniformes e aulas matutinas, sem responsabilidades e sem muitas liberdades também, é verdade. O principal meio de transporte era a bicicleta e se eu quisesse ligar pra alguém, tinha de usar o orelhão. Celular era coisa de adulto. Música eu ouvia no MD, o formato mais compacto disponível. Meu videocassete de 6 cabeças era o supra-sumo do cinema em casa, junto da televisão de tubo de 29 polegadas.

No cinema tinha O Resgate do Soldado Ryan, Armageddon, Quem Vai Ficar com Mary?, A Hora do Rush e Godzilla. Na televisão, E.R., ou Plantão Médico, era o que havia, Friends já estava começando a entrar em decadência. Na música, foi o ano de The Masterplan, do Oasis e Adore, dos Smashing Pumpkins. Na literatura... bom, naquela época eu só lia gibis e os livros obrigatórios do colégio, então deixarei esta lacuna em aberto.

Se minha versão de 16 anos visse o mundo de agora, na certa teria dificuldades para entender e aceitar tantas mudanças. Sem dúvida ia achar que pareceria coisa de filme de ficção científica. “Ipad? Isso aí não é coisa do Jornada nas Estrelas?”. “O que, o Galeano ainda está no Palmeiras?”. Eu sei que parece impossível, mas faz sentido, tente compreender, Carlos do passado. Vá por mim, eu tenho mais experiência que você, meu jovem espinhento.

Se levar mais 14 anos para outro título, aí então é que vai virar coisa do De Volta para o Futuro II. Eu com meus 44 anos indo trabalhar num carro voador, com Mr. Fusion embutindo, ouvindo músicas no chip dentro da minha cabeça, Tubarão 25, dirigido por Max Spielberg em todas as salas de cinema holográfico. Os moleques brincando com seus hoverboards. E o Palmeiras lá, imutável, uma constante pra deixar Desmond e Faraday orgulhosos, com suas crises, brigas políticas e times cheios de cabeças de bagre e a eterna promessa de que a próxima temporada será melhor. De que um mísero título de respeito só vem a muito custo, chorado, após anos de tentativa e erro.

Que esse pequeno exercício de futurologia não se concretize. Bom, dizem que o mundo vai acabar esse ano mesmo. Até lá, vai “Parmera”!

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Valente


O novo filme da Pixar e seu primeiro longa de trama original em três anos, após duas continuações (Toy Story 3 e Carros 2). É uma boa animação, mas bem abaixo do padrão de qualidade absurdo de seus melhores trabalhos. Simpático, mas, no fim das contas, uma obra menor dentro da filmografia do estúdio.

Na dublagem original, temos as vozes de Kelly Macdonald, Billy Connolly, Emma Thompson, Julie Walters e Kevin McKidd.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Além da Liberdade


É o novo, já meio antigo (é de 2011), filme de Luc Besson, uma cinebiografia bem morna sobre Aung San Suu Kyi, a líder do movimento democrático em Burma. Um tanto genérico, mas dá para assistir numa boa se não houver mais nada melhor passando.

No elenco estão Michelle Yeoh, David Thewlis e Jonathan Woodhouse.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Vida e Obra de um Ninguém – Episódio 6


Este episódio é o que mais dialoga no estilo “sem noção” e no humor negro e barra pesada com qualquer capítulo da já saudosa (mas ela volta) Capangas Contratados. Fazer o que, o escritor é o mesmo, às vezes ele sofre recaídas.

Provando que João Damião também tem um quê de Tavares, Souza e o Novato, é uma boa pedida para quem estava com saudade da comédia mais gangsta da minha primeira Sitcom Literária.

Contudo, é sempre bom esclarecer, especialmente num episódio como esse: embora a figura que inspirou o protagonista JD (quem lê este blog sabe de quem se trata) realmente tenha trabalhado na Febem da cidade citada na época em questão, é óbvio que todos os acontecimentos deste episódio são pura e completamente fictícios, saídos diretamente da imaginação sacana deste que vos escreve. Porque coisas assim, que eu saiba, nunca aconteceram nesses lugares...

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Reunião de Pauta 2: Heavy Metal vs. Rock Alternativo

Para comemorar o Dia do Rock deste ano, o Delfos resolveu fazê-lo com estilo, com um grande especial em homenagem a tão solene data. A cereja do bolo é o lançamento do segundo episódio da série Reunião de Pauta, focado num tema que domina as discussões entre a equipe do site: o que é melhor, heavy metal ou rock alternativo?

Visto que temos apreciadores de ambos os gêneros entre nossas fileiras, o debate rola solto. A direção novamente é minha e o roteiro foi uma colaboração assinada por Carlos Eduardo Corrales, Flávio Rodrigues, Homero de Almeida e eu.

Em comparação com o primeiro da série, as coisas estão melhorando a passos largos. As atuações já estão mais soltas e fluídas e a direção também está mais segura e menos travada. Contudo, infelizmente ainda aconteceram alguns problemas técnicos (leia-se, principalmente algumas tomadas desfocadas). A maioria resolvida graças ao milagre da edição, cortesia de Taís Boeira e Rudge Campos, mas alguns não tiveram jeito e estão bem visíveis. Para o próximo, prometemos sanar de vez essas deficiências, usar equipamentos de mais qualidade e entregar um curta tecnicamente impecável.

Confira aqui, onde você também poderá ler o texto introdutório assinado pelo Corrales, ou veja aí abaixo. Assista e divirta-se. E feliz Dia do Rock.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

100 riffs


Amanhã é Dia do Rock, mas aqui a homenagem chega mais cedo. Neste vídeo, o guitarrista Alex Chadwick, munido de uma Fender Stratocaster e doze minutos sem nada melhor pra fazer, toca em sequência, sem parar, 100 riffs importantes da história do rock, seguindo uma ordem cronológica. Começando lá dos primórdios e indo até coisas mais atuais.

Tudo bem, tem coisa que não é rock e tem coisa que não é tão famosa assim, mas caramba, são 100 riffs. É coisa pra burro. E o bom é que todos eles estão devidamente identificados. Confira abaixo:


quarta-feira, 11 de julho de 2012

O que o tédio não faz


Sempre fui um sujeito metódico para tudo. Com a escrita não seria diferente. Tenho minha rotina e meus rituais específicos. Não é só sentar a bunda na cadeira e mandar brasa, tem que dar aquela estralada nos dedos antes, estilo “pianista de concerto”, manja?

A estralada, no caso, é em sentido figurado, mas já deu pra ter uma ideia. Há todo um processo de pequenos gostos e manias envolvido, o qual tem de ser seguido à risca pra poder sair alguma coisa no fim do dia. Ou ao menos tinha.

Ultimamente tenho notado uma mudança. Foi tão gradual que não percebi acontecendo no começo, mas o método não anda mais tão restrito. Tem ficado cada dia mais caótico. Não é mais preciso ritual ou horário certo. Agora a coisa funciona independente desses fatores. Basta entrar um outro elemento na equação: o tédio.

Antigamente, quando ficava entediado, ia fazer qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, por mais improdutiva que fosse, exceto escrever alguma coisa. Hoje em dia o tédio me faz desejar sentar em frente ao computador e digitar algo. Não importa o dia ou horário. Nem sequer quanto tempo eu tenha disponível para isso.

Pode ser domingo, seis da tarde. Se estiver de bobeira por cinco minutos, a vontade de escrever algo aparece. Sexta-feira, onze da noite, nada para fazer? Vou fazer uns dois textos, só por diversão. Claro que uma vida social fraca (às vezes até inexistente) contribui para esse novo processo.

Pelo menos não sinto mais que estou perdendo tempo à toa. Tem suas vantagens. Acelerar algumas coisas, criar outras que nem imaginava que seriam criadas, aumentar a produtividade. O tédio como força criativa, devo dizer, tem um grande potencial que havia ignorado por todo esse tempo. Não mais, ele chegou para ficar, estou gostando da imprevisibilidade que ele proporciona, de não ficar mais preso às velhas rotinas. Manias estão morrendo lentamente, no meu universo ordenado, trata-se de um grande acontecimento.

Agora só falta eu conseguir escrever um romance nesse novo esquema, simplesmente por não ter aonde ir no sábado à noite... Mas calma, devagar eu chego lá. Tudo faz parte do novo processo.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Vida e Obra de um Ninguém – Episódio 5


Eis aqui um episódio para relembrar os bons tempos de faculdade, onde o menos importante eram as aulas. Não tenho um bom “causo” para contar sobre esse capítulo específico por uma simples razão: ele é o primeiro totalmente inventado. Às vezes é preciso criar para adequar. Bonito isso, não? Vou deixá-lo com esse pensamento.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Homem-Aranha


Com o novo filme do amigão da vizinhança estreando nos cinemas, nada melhor que rememorar como tudo começou, com o primeiro longa do personagem, dirigido por Sam Raimi num já distante ano de 2002.

Fora isso, era o único filme do personagem criado por Stan Lee e Steve Ditko que não possuía uma resenha delfiana. Esse problema foi solucionado e coube a mim a honrosa tarefa.

No elenco estão Tobey Maguire, Willem Dafoe, Kirsten Dunst, James Franco, Cliff Robertson, Rosemary Harris, J. K. Simmons, Elizabeth Banks, Ted Raimi e o mestre Bruce Campbell.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

O que acontece com Ridley Scott?


O título do post é a pergunta que me veio à cabeça assim que saí da sessão de Prometheus umas duas semanas atrás. Porque esse Ridley Scott certamente não é o mesmo que dirigiu Alien – O Oitavo Passageiro e Blade Runner – O Caçador de Andróides, duas das melhores ficções científicas da história do cinema.

O Prometheus de Scott está muito mais próximo de um trabalho do diretor de Cruzada (leia aqui minha resenha no Delfos) e Robin Hood (o qual também resenhei, e você pode ler aqui), filmes tecnicamente impecáveis, mas totalmente desprovidos de alma. Completamente mornos. Se a comparação for só com alienígenas, então o filme está mais próximo, em termos de qualidade, da franquia Aliens vs. Predador do que da série Alien propriamente dita.

Esperava muito desse filme. Era a sua volta à ficção científica após 30 anos. Era o prelúdio de Alien, um dos meus filmes favoritos. Era a chance de Ridley, que nos últimos anos vinha patinando em produções sem punch, de pegada frouxa, de voltar às suas origens, recarregar as baterias e mostrar que ainda tinha lenha pra queimar. Pena que não conseguiu mostrar isso.

Muito se fala da trama do filme e seu paralelo com o mito de Prometeu como se isso o tornasse uma ótima história, mas eu pergunto, e daí? Isso (usar mitos e lendas antigas como fonte de inspiração) é tão batido quanto a famigerada jornada do herói. Funciona, óbvio, senão não seria usado, mas não é novidade nenhuma. Achei a trama simplesmente boba. Um meio para se chegar a um fim. Poderia facilmente ser substituída por qualquer outra coisa sem mudar em nada o resto do filme.

Mas ao menos ele poderia compensá-la matando todo mundo de medo claustrofóbico como havia feito no longa de 1979. Também não conseguiu. Tem alguns sustos baratos e as criaturas estão longe de serem tão icônicas quanto o alienígena original. Também é esquisito os momentos em que, por algum motivo, tenta chupar de O Enigma de Outro Mundo, de John Carpenter, quando a própria mitologia da série Alien não pede por isso.

O pior mesmo é o tratamento dado ao space jockey, a criatura gigante e morta que tanto fascinou no primeiro filme (e isso sendo apenas parte do cenário) e aqui ganha papel de destaque. Acabou com toda a mística e magia da criatura. Para transformá-la no que virou, era melhor ter criado novos personagens. Em certos momentos, o personagem, e o longa por consequência, beira um Sexta-Feira 13 espacial. Abordagem pra lá de equivocada.

Quem carrega o filme nas costas e torna a experiência de assisti-lo ao menos suportável é Michael Fassbender (sempre ele). Seu andróide David é de dar arrepios sempre que está em cena com sua voz suave e seus modos educados. É, sem dúvida, a grande força da película, e quem desencadeia o desenvolvimento da trama, ainda que a atitude que toma para colocar tudo em movimento simplesmente não faça sentido.

Cenas como a do parto, que era para ser uma das sequências fortes do filme, em comparação com a cena do nascimento no filme original, só servem para mostrar como os anos foram cruéis em eliminar a visceralidade do diretor inglês, tornando tudo hermético e limpo, mesmo com sangue e gosma jorrando. Ainda assim o visual é clean, não causa choque nenhum, se tanto um leve desconforto.

Ridley Scott estagnou, e parece não saber o que fazer para sair dessa situação. O fato é que desde Gladiador (em 2000!) ele não fez mais nada digno de grande nota. O único filme seu recente que me surpreendeu positivamente e do qual gostei bastante foi Rede de Mentiras, de 2008. Talvez por ter (ou ao menos aparentar) uma escala menor que suas produções costumeiras. Por ter cara de obra menor dentro de sua filmografia, livrou-se do peso da responsabilidade. Pôde ser assistido e apreciado inteiramente sem o peso de tanta bagagem que o nome de seu diretor carrega.

Esse pode ser o caminho para ele se reinventar. Abandonar as grandes produções e se concentrar em filmes menores. Deixar grandes histórias, grandes cenários, exércitos de figurantes e efeitos especiais de ponta de lado e privilegiar um bom roteiro, um elenco enxuto e o básico de produção. Diminuir drasticamente a escala e, de fato, fazer um back to basics.

Se continuar como está, seria melhor então que se aposentasse de uma vez. Principalmente se ele realmente levar em frente a continuação de Blade Runner. Se ela seguir os moldes de Prometheus, certamente será tão decepcionante quanto. E certamente voltará a suscitar a mesma pergunta: o que acontece com Ridley Scott?

terça-feira, 3 de julho de 2012

Vida e Obra de um Ninguém – Episódio 4


O episódio dessa semana foi inspirado pela exótica fauna de cachaceiros encontrada em botecos do interior. Tem de tudo: o bom ouvinte; o que só ouve pra filar uma rodada grátis; o brigão; o que se acha valente, mas afina quando a coisa aperta; o pedinte. Alguns entraram na história, outros ficaram de fora. Algumas situações são reais, outras inventadas (como é de praxe nessa série).

Me lembro que quando era pequeno, havia um pé de cana notório no bairro onde minha tia morava numa cidade do interior de São Paulo (eu sempre a visitava nas férias da escola). Daqueles de andar por aí tropeçando na própria sombra, conversando com homens invisíveis e caindo pelas sarjetas. Eu perguntava pra minha família qual era o problema dele, no que me respondiam: “ele bebe”. Em minha inocente cabeça de menino novo, pensava: se a bebida faz isso, por que o desgraçado continua a beber? Alcoolismo e beber recreativamente eram conceitos alienígenas para aquele tenro garoto.

O sujeito era conhecido por um apelido distinto, o qual não consigo me lembrar de jeito nenhum. Isso faz tempo pra caramba (eras, poderia se dizer) e, a essa altura, se o figura continuou na mesma toada, já deve ter empacotado há tempos. Taí, vou perguntar pra minha tia.

Seja como for, esse episódio é em homenagem a esse célebre pinguço. Saúde. E não esqueça o do santo!