Semana
passada o Palmeiras finalmente saiu da fila de títulos nacionais ao conquistar
sua segunda Copa do Brasil, novamente com Felipão no comando. Antes disso, o
time ficou 14 anos sem ganhar nada em âmbito nacional (o título da série B do
brasileirão em 2003 não conta), desde 1998, quando ganhou a primeira Copa do
Brasil e Scolari tinha mais cabelos e menos deles brancos.
Em
1999 ganhou a Libertadores e depois foi só ladeira abaixo. Mas o foco aqui, ressalto,
é um torneio nacional e os 14 anos que separam um do outro. Uma suada vitória
depois de todos esses anos surtiu um efeito inesperado. Fora a alegria por
finalmente sair da fila, proporcionou também certa nostalgia. Foi praticamente
uma viagem no tempo sem precisar de 1.21 gigawatts.
Catorze
anos... é tempo pra caramba. É todo um adolescente irritante. Eu ainda não me
barbeava, não bebia, não tinha carteira de motorista, não tinha grandes
pretensões e todas as decepções eram insignificantes. Era um outro mundo.
Era
um mundo colegial, de uniformes e aulas matutinas, sem responsabilidades e sem
muitas liberdades também, é verdade. O principal meio de transporte era a
bicicleta e se eu quisesse ligar pra alguém, tinha de usar o orelhão. Celular
era coisa de adulto. Música eu ouvia no MD, o formato mais compacto disponível.
Meu videocassete de 6 cabeças era o supra-sumo do cinema em casa, junto da
televisão de tubo de 29 polegadas.
No
cinema tinha O Resgate do Soldado Ryan,
Armageddon, Quem Vai Ficar com Mary?, A
Hora do Rush e Godzilla. Na televisão,
E.R., ou Plantão Médico, era o que havia, Friends já estava começando a entrar em decadência. Na música, foi
o ano de The Masterplan, do Oasis e Adore, dos Smashing Pumpkins.
Na literatura... bom, naquela época eu só lia gibis e os livros obrigatórios do
colégio, então deixarei esta lacuna em aberto.
Se
minha versão de 16 anos visse o mundo de agora, na certa teria dificuldades
para entender e aceitar tantas mudanças. Sem dúvida ia achar que pareceria
coisa de filme de ficção científica. “Ipad? Isso aí não é coisa do Jornada nas Estrelas?”. “O que, o
Galeano ainda está no Palmeiras?”. Eu sei que parece impossível, mas faz
sentido, tente compreender, Carlos do passado. Vá por mim, eu tenho mais
experiência que você, meu jovem espinhento.
Se
levar mais 14 anos para outro título, aí então é que vai virar coisa do De Volta para o Futuro II. Eu com meus
44 anos indo trabalhar num carro voador, com Mr. Fusion embutindo, ouvindo
músicas no chip dentro da minha cabeça, Tubarão 25, dirigido por Max Spielberg
em todas as salas de cinema holográfico. Os moleques brincando com seus
hoverboards. E o Palmeiras lá, imutável, uma constante pra deixar Desmond e
Faraday orgulhosos, com suas crises, brigas políticas e times cheios de cabeças
de bagre e a eterna promessa de que a próxima temporada será melhor. De que um
mísero título de respeito só vem a muito custo, chorado, após anos de tentativa
e erro.
Que
esse pequeno exercício de futurologia não se concretize. Bom, dizem que o mundo
vai acabar esse ano mesmo. Até lá, vai “Parmera”!
Nenhum comentário:
Postar um comentário