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Continuando a seleção dos
meus 10 discos favoritos do rock made in
Brasil. A maioria deles ainda está em catálogo. E aqueles que não se encontram
mais nas lojas (aliás, mal se encontram lojas de discos hoje em dia) podem ser achados
facilmente em sebos.
Raimundos – Raimundos (1994)
Esse
pode até destoar um pouco de todos os outros da lista, mas para um moleque de
12, 13 anos, idade que eu tinha quando conheci a banda, isso era a última
bolacha do pacote. A mistura de hardcore com forró (ou forrócore, como ficou
conhecido) e as letras debochadas e desbocadas, cheias de palavrões e putarias,
marcaram toda uma geração. Seu primeiro disco, independente, era o mais
enérgico dos brasilienses, e até hoje meu favorito deles. Esse entra aqui pelo
grande valor sentimental que permanece forte. Pô, até hoje eu sei cantar toda a
letra de Puteiro em João Pessoa!
Baladas Sangrentas – Wander Wildner (1996)
Wildner,
vocalista dos Replicantes, lança seu
primeiro álbum solo, e cria o chamado punk brega, com pegada instrumental do
primeiro e temática lírica do segundo. E eu agradeço. Esse negócio é bom
demais, e é uma pena que ele não seja mais conhecido fora do circuito punk e
alternativo. Eis mais um disco com hits
em profusão, com destaque para Bebendo
Vinho (essa ficou famosa na cover
do Ira!), Eu Tenho uma Camiseta Escrita Eu Te Amo e Um Lugar do Caralho. E eu racho de rir, toda vez, com as hilárias Empregada e Freira Desalmada, duas músicas que representam muito bem esse lado
maroto cafona do músico. Ouça.
Bloco do Eu Sozinho – Los Hermanos (2001)
Esse
aqui dispensa apresentações e muito já se falou sobre ele. Justificado. Bloco do Eu Sozinho realmente merece
toda a fama recebida. Um baita disco, misturando Beatles, Weezer e
marchinhas de carnaval em canções com um acabamento barroco (mas sem perder o
pop de vista) como poucas vezes se viu no rock nacional, especialmente no mais
recente. Essa banda é daqueles casos de ame ou odeie. Não tem jeito: ou eles
são a última grande banda a aparecer por aqui, ou são uns malas pretensiosos.
Mas para quem gosta, Bloco é o grande
motivo desse amor.
Cosmotron – Skank (2003)
Sim,
o Skank, aquela banda de dancehall,
cheia de hits radiofônicos como Garota Nacional e É uma Partida de Futebol. Aí eles resolveram dar uma guinada na
carreira, experimentar coisas novas e fazer rock. Já tinham ensaiado essa
virada no disco anterior, Maquinarama.
Mas é em Cosmotron que a realizam
completamente. E surpreendem. Goste ou não do som anterior deles, eles sempre o
fizeram com qualidade e um faro pop que poucos possuem. Mantiveram isso aqui,
fazendo um conjunto de grandes canções, calcadas um pouco em Oasis, um pouco em rock setentista. Para
ouvir e constatar: não é à toa que esses caras estão em evidência há tanto
tempo.
Seu Minuto, Meu Segundo – Gram (2006)
Já
essa banda é uma das grandes promessas não realizadas do nosso rock, e digo isso
principalmente por este que é seu segundo e último disco. Se o primeiro ainda
tinha cara de demo, cheio de canções com seu potencial não inteiramente
desenvolvido, aqui eles entregam um baita disco, daqueles de fazer dar play novamente assim que ele acaba. Para
mim, o Gram tinha uma característica
especial. Todas as bandas de rock brasileiro inevitavelmente soam como tais. E
isso não é uma crítica, apenas uma constatação. Seja pela vontade de misturar
gêneros e estilos nacionais a seu som, seja por uma ginga até não intencional,
mas já arraigada no DNA do músico brasileiro, toda as bandas transparecem essa
característica. O Gram era das poucas
que você podia apagar a faixa de vocal e o instrumental soava como uma banda
inglesa. E isso era foda, principalmente a guitarra solo, que tinha uma
qualidade como poucas vezes vi em bandas daqui. Sérgio Filho também era um
excelente vocalista. Até hoje me dói que eles tenham acabado tão cedo. Só posso
imaginar o que mais teriam feito se tivessem continuado. Uma pena. Quem não
conhece, fica a recomendação, corra atrás.
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