Em
minha missão contínua para apresentar a discografia de minhas bandas
preferidas, chegou a vez de falar daquela que ocupa o posto número dois em meu
Top 5 de todos os tempos, o Radiohead,
aquela que é, sem qualquer sombra de dúvida, a mais influente e importante
banda de rock em atividade.
Com
uma liberdade criativa e capacidade para experimentar sem precedentes, a banda
não se prende a vontades de mercado, e nem mesmo à de seus fãs, e sua
sonoridade a cada novo trabalho é tão diferente quanto surpreendente. E mesmo
com essa grande esquizofrenia musical, sua base de fãs se mantém firme e forte,
sempre ansiosa para saber como o grupo irá soar a seguir.
Formado
na região da cidade universitária de Oxford, Inglaterra, em 1985, por Thom
Yorke (vocais, guitarra e teclados), Ed O’Brien (guitarra), Colin Greenwood
(baixo) e Phil Selway (bateria), posteriormente o grupo ganhou a adição do
irmão caçula de Colin, Jonny Greenwood (guitarra, teclados e demais
instrumentos esquisitos), que, ao lado de Thom Yorke, é uma das grandes forças
criativas da banda.
Tirando
seu nome de uma música dos Talking Heads,
a banda penou alguns anos no circuito de rock universitário da Inglaterra, deu
uma parada para seus integrantes cursarem a faculdade, e retornou com eles já
formados (à exceção de Jonny, mais novo que os outros) para que enfim pudessem
gravar seu primeiro disco, lançado ainda em meio ao furacão grunge.
Pablo Honey (1993)
O
disco de estreia do Radiohead fez com
que eles fossem chamados por parte da imprensa internacional de “Nirvana britânico”. De fato, a
influência do grupo de Seattle se faz notar por todo o disco, assim como ecos
de Pixies e Sonic
Youth. Muitas influências em primeiro plano num álbum que carece um pouco
de identidade própria. Há ótimas músicas, como o sucesso Creep, a irônica Anyone Can
Play Guitar e a balada Thinking About
You. De fato, a primeira metade do disco é muito boa, com rocks acelerados
e baladas levadas pelas guitarras. O problema, além da falta de uma cara
própria já citada, é que a segunda metade perde fôlego e as faixas se tornam
repetitivas. Mas para uma estreia, está de bom tamanho.
Nota: 7
The Bends (1995)
É
aqui que a banda encontra sua própria identidade, cria seu estilo e comete um
dos meus discos favoritos de todos os tempos. Sem dúvida, o meu preferido
deles, até mais que OK Computer. 12
faixas de uma beleza monumental, impossível pular uma sequer. Tem rock
guitarreiro com The Bends, Just e My Iron Lung e baladas depressivas com High and Dry, Fake Plastic
Trees e (Nice Dream), só para
ficar em alguns exemplos, até culminar na última faixa, a climática Street Spirit (Fade Out). Um dos grandes
discos de rock da década de 90 e a primeira obra-prima da banda. Essencial.
Nota: 10
OK Computer (1997)
Este
é um daqueles discos que são o retrato perfeito de uma geração (a letra de No Surprises é uma pequena pérola sobre
a vida moderna). Até por isso, e sua gigantesca qualidade, claro, é tido como o
último grande disco de rock lançado. E já se vão 15 anos! Aqui a banda
incorpora elementos do rock progressivo e deixa sua sonoridade mais viajandona
e também, se é que isso é possível, mais tristonha. Desde a abertura com Airbag, narrando um acidente de carro,
passando pela épica Paranoid Android
e sua referência a Douglas Adams, Karma Police, a perfeita Let Down (a minha favorita da banda) até
o final, com The Tourist e o narrador
pedindo para algum idiota ir mais devagar ao volante, o que denota uma espécie
de narrativa cíclica, é mais um trabalho irretocável, que também merece o
título de obra-prima. Contudo, diferente de The
Bends, não o considero um disco para ser ouvido em todos os momentos. E a
vinheta Fitter Happier (narrada pelo
programa de voz de um Macintosh) dificilmente merece uma segunda audição. Mas
mesmo assim, é um puta disco.
Nota: 10
Kid A (2000)
Após
o sucesso estrondoso de OK Computer,
veio a dúvida: para onde ir musicalmente a seguir? Fazer mais do mesmo ou
tentar algo novo? Esse questionamento quase implode o grupo, até que por fim eles
encontram a resposta que pegou todo mundo de surpresa: fazer colagens sonoras
eletrônicas, praticamente encostando as guitarras que fizeram sua fama. Parecia
suicídio comercial, mas o disco liderou as paradas e provou que integridade
artística pode sim ser sinônimo de sucesso. Muitos críticos estadunidenses, por
falta de um rótulo melhor, classificaram esse como um trabalho de jazz. Abrindo
com as repetições de Everything in Its
Right Place, a levada de baixo de The
National Anthem, a mais normalzinha Optimistic
e a dançante Idioteque, esses são os
destaques. Escutado com a mente aberta, é um ótimo disco.
Nota: 8,5
Amnesiac (2001)
Composto
por músicas gravadas nas sessões de Kid A
e que acabaram ficando de fora daquele álbum, de maneira alguma são “sobras”,
pois as canções têm qualidade mais que suficiente para sustentar este disco. Pyramid Song, You and Whose Army?, Knives
Out e The Morning Bell/Amnesiac são
os pontos altos. O problema é que o
choque da surpresa de Kid A aqui já
não existia mais e, convenhamos, entre essa fase esquisita/eletrônica e a
saudosa fase das guitarras, acho que ninguém prefere esta aqui.
Nota: 7,5
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