Tony
Scott se matou pulando de uma ponte nos arredores de Los Angeles no último dia
19. Ele tinha 68 anos, esposa, filhos e uma carreira no cinema cheia de
sucessos de bilheteria, ainda que não exatamente de crítica. Ah, sim, ele
também tinha um irmão muito mais fodão, mas já
tratei disso no texto linkado.
Ele
deixou cartas em seu carro e casa para família e amigos, mas o conteúdo não foi
divulgado. Rumores dizem que ele tinha um tumor inoperável, o que explica o
cara cometer suicídio a essa altura do campeonato. Sua esposa, contudo, nega a
informação, que só será confirmada ou refutada quando sair o resultado da
autópsia, nas próximas semanas.
Por
mais triste e surpreendente que seja sua morte, é inegável que ele deixou sua
marca em Hollywood, mas devo dizer que não sentirei sua ausência. Nunca fui fã
do cara, e, contudo, assisti praticamente tudo que ele dirigiu.
Top Gun – Ases Indomáveis, seu maior sucesso, era muito legal para a época,
verdade. Mas por acaso vi um pedaço do filme de novo outro dia e ele envelheceu
mal. Esqueça a propaganda pró força aérea/marinha dos EUA ou o contexto
homoerótico tão bem apontado por Quentin Tarantino, o grande problema é que
esse negócio é cafona demais. Música, diálogos, narrativa, é tudo de uma
breguice sem tamanho.
Mesmo
seu filme mais elogiado pela crítica, o cult
Fome de Viver, eu não gostei. Assisti pela primeira vez alguns meses atrás.
Já tinha ouvido falar tanto dele que esperava algo realmente bom, encontrei
apenas forma sem conteúdo. Chato.
Tudo
bem, Um Tira da Pesada II é bom, um clássico
da Sessão da Tarde. Dias de Trovão (o
Top Gun com rodas) e O Último Boy Scout podem ser bem
apreciados ao se desligar o cérebro, mas o saldo, no fim das contas, é mesmo
negativo.
Caramba,
não consegui gostar nem de Amor à
Queima-Roupa, cujo roteiro é do Tarantino! E o que dizer de Domino – A Caçadora de Recompensas?
Talvez o exemplo mais claro de sua estética frenética. A edição desse filme é
tão picotada, os planos são tão vertiginosos, as cores tão saturadas, que esse
negócio quase me causou convulsões. Não aguentando mais de dor de cabeça e a um
passo de ter um surto epilético, simplesmente não consegui terminar de ver o
filme. Fui compelido a mudar de canal.
Nos
últimos tempos, vinha fazendo uma série de filmes de ação bem medianos
estrelados por Denzel Washington, seu mais frequente colaborador. Até resenhei
um deles, O Sequestro do Metrô 1 2 3,
de 2009 (leia aqui). Seu último filme, Incontrolável, de 2010, também faz parte
dessa safra.
Como
disse, não sentirei falta dele baseado em sua obra, mas é uma grande pena que
tenha morrido. Quem sabe ele ainda pudesse surpreender em sua próxima produção?
Agora nunca saberemos, assim como ainda não sabemos o que aconteceu com ele.
Trágico.
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