sexta-feira, 6 de abril de 2012

10 discos de rock da primeira década do século XXI: Parte I


Qual foi o último grande disco de rock lançado? Nevermind e OK Computer são as respostas mais frequentes. Esses dois álbuns têm algo em comum e não estou me referindo a ambos serem revolucionários. Os dois foram lançados na já longínqua década de 1990. Desde então, nenhum outro apareceu para somar a essa lista. Talvez The Suburbs, do Arcade Fire, mas ainda é preciso mais tempo para essa possível inclusão.

Isso não quer dizer que não saíram mais ótimos discos do gênero nesse ínterim, mas, de fato, a qualidade do rock desde então deu uma boa decaída. Muito obrigado, cultura do MP3 que democratiza qualquer porcaria! Enfim, resolvi fazer uma lista com o que de melhor foi lançado na primeira década do novo século.

Não se trata de uma lista de discos definidores de coisa alguma. Meu interesse não está nessa análise. Prefiro apenas selecionar os meus 10 favoritos pessoais, independente de potencial para mudar o mundo, a estética musical e blá-blá-blá. Em suma, eis aí aqueles que mais bem fizeram aos meus ouvidos neste século XXI.


Is This It – The Strokes (2001)

O álbum que inaugurou a era do chamado novo rock e deixou o estilo de novo em evidência, fazendo a banda ser laureada com o título de mais um dos infinitos “salvadores do rock”. Agora que já se passaram mais de dez anos de seu lançamento, dá pra dizer na boa que Is This It é um ótimo disco e nada mais, assim como os Strokes são uma ótima banda e só. Rock de garagem com guitarras que parecem teclados e vocais abafados por efeitos. Esse disco de estreia apresenta grandes canções animadas para embalar qualquer festa. Barely Legal, Last Nite, New York City Cops e Hard to Explain jogam qualquer um para cima e quase fazem valer a fama exagerada conquistada pela banda.


Origin of Symmetry – Muse (2001)

Com esse segundo disco, o Muse ganhou identidade própria, ao mesclar rock alternativo, heavy metal e rock progressivo (em trabalhos posteriores, entrariam também pitadas de eletrônico). Foi também o trabalho que me fez olhar para eles com mais atenção, tanto que até hoje é uma das minhas bandas em atividade favoritas. O resultado da mistureba é agressivo, urgente e grandioso sem pudor nenhum de ser exagerado. Não é a toa que a última música se chama Megalomania. Três grandes músicos e uma das melhores vozes a surgir no estilo nos últimos anos. Ouça o final de Plug in Baby e comprove: Matt Bellamy é praticamente um castrato.


Yankee Hotel Foxtrot – Wilco (2002)

Demorei pra gostar desse disco. Na verdade, quando o ouvi pela primeira vez, achei bem ruim. Mas esse é o tipo do trabalho que vai conquistando aos poucos. E a cada nova audição, mesmo depois de tantas, ainda é capaz de revelar alguma surpresa que passou despercebida anteriormente. Como resultado, é o tipo do disco que não cansa, que sempre pode ser percebido como novidade. Une muito bem o experimental (I Am Trying to Break Your Heart, Ashes of American Flags) com o pop (Heavy Metal Drummer, I’m the Man Who Loves You). A banda acabou se tornando uma das minhas prediletas e este Yankee Hotel Foxtrot, para mim, ainda é seu melhor trabalho.


Hail to the Thief – Radiohead (2003)

Se o Radiohead de The Bends e OK Computer nunca mais vai voltar, o Radiohead de Hail to the Thief é a próxima melhor coisa. Juntando o melhor da fase “guitarreira” com sua onda eletrônica experimental, o resultado são músicas estranhas como as de Kid A e Amnesiac, mas com o peso das guitarras de outrora. Tudo bem, não é um trabalho perfeito. As puramente eletrônicas Backdrifts e The Gloaming são pura encheção de linguiça, e a arrastada We Suck Young Blood é a pior música que a banda gravou em toda sua carreira. Mas tire essas três e ainda restam 11 canções irretocáveis. Ainda é um disco inteiro.


Funeral – Arcade Fire (2004)

É a única banda desta lista que tem potencial para ser grande (no sentido de inovação e não de quanta gente arrasta para os shows), para fazer trabalhos com um algo a mais. Em suma, para entrar naquela lista onde estão Nevermind e OK Computer.  Este Funeral (e também The Suburbs) tem potencial para cumprir essa missão. Arranjos belíssimos, letras poéticas e diferentes emoções suscitadas já desde a primeira audição, que pra mim é bem difícil de acontecer. Impossível passar incólume pela experiência de ouvir este álbum, um dos mais bonitos destes 10 anos. Existe até um nome para este tipo de trabalho: arte.

Nenhum comentário:

Postar um comentário