sexta-feira, 19 de outubro de 2012

10 discos do rock nacional: Parte I


Falo muito sobre rock aqui neste blog. Não há como não fazê-lo, para mim é uma paixão tão grande quanto a literatura. A diferença é que, se eu me aventuro no campo literário com meus próprios trabalhos, no da música não dá. Me falta a habilidade. Limito-me a arranhar minha guitarra em casa e falar sobre música sempre que possível.

E, no entanto, até hoje só tinha usado esse espaço para falar de rock importado. Admito que 90% do que eu escuto de música é em língua inglesa, mas isso não quer dizer que eu também não goste de ouvir nada em meu idioma pátrio. Gosto, mas o problema é que é muito mais difícil achar algo que me agrade em português. Contudo, não é impossível.

Sendo assim, falarei aqui dos meus 10 discos preferidos do rock nacional. Isso não quer dizer, obviamente, que são os melhores, são simplesmente meus favoritos por gosto pessoal. E estão organizados em ordem cronológica e não de preferência. Vamos a eles.


Os Mutantes – Os Mutantes (1968)

Um dos discos mais impressionantes do rock em qualquer língua, de fazer frente a ninguém menos que os Beatles em sua fase mais criativa/experimental (não à toa, o quarteto de Liverpool é uma das grandes influências da banda). A estreia do grupo é insana, cheia de efeitos inovadores para a época, misturas inusitadas, bom humor e criatividade correndo solta. 11 faixas irretocáveis que servem como cartão de visitas daquela que é a banda de rock mais importante e influente do país. Obrigatório, bem como todos os outros discos do grupo com a formação clássica da banda, com o trio de frente Arnaldo Baptista, Sérgio Dias e Rita Lee. 


Secos & Molhados – Secos & Molhados (1973)

Outro disco de estreia de mais uma banda clássica. Assim como Os Mutantes, o Secos & Molhados também se notabilizou pela grande mistureba de gêneros e estilos em seu som. Mas o trio formado por João Ricardo, Ney Matogrosso e Gérson Conrad investia menos na molecagem e mais na poesia. E também em performances de palco incrementadas. Temos aqui, segundo a lenda, a fonte de inspiração do Kiss e suas maquiagens. Cheio de hits levados por excelentes arranjos de violão e a belíssima voz de Ney Matogrosso (um dos melhores cantores brasileiros, fácil), é outro que merece figurar em qualquer coleção. O bom é que foi lançado em CD no esquema “2 em 1”, junto com o segundo álbum, de 1974, que, embora não tenha tantas músicas conhecidas como este, também é excelente.


Nós Vamos Invadir Sua Praia – Ultraje a Rigor (1985)

Quando se fala em álbuns de estreia, creio que nenhum supera este da banda paulistana no quesito “entrar no mapa com os dois pés na porta”. O negócio chega a ser ignorante de tantos sucessos gerados por um disco só. Das 11 faixas, 8 são hits absolutos do rock nacional, tendo tocado à exaustão em rádios e programas de TV. E as outras 3, embora não tenham tido o mesmo destaque, também são muito boas. A mistura de rockabilly com surf music é boa, mas o grande destaque vai mesmo para as letras de Roger, que conseguem algo dificílimo (e que hoje em dia, dada a qualidade atual de nossa música popular, parece ter se tornado impossível): ser bem humoradas e ao mesmo tempo de extremo bom gosto e de uma inteligência ímpar, ao mesmo tempo em que critica as nossas muitas mazelas. Saudade do tempo em que o nosso rock tinha miolos.


O Concreto Já Rachou – Plebe Rude (1985)

De todas as bandas de Brasília, para mim a Plebe Rude é a melhor, e única que pode ser chamada de fato de banda punk. Eles tinham (têm, na verdade, já que ainda estão na ativa) a sonoridade mais agressiva e o engajamento político/social nas letras. E caramba, as músicas eram muito boas. Este EP de estreia tem sete faixas e todas elas são preciosas. Desde a abertura, com o clássico Até Quando Esperar até o encerramento com Brasília (música que retrata muito bem o que era a cidade), é uma pequena viagem punk e pós-punk de qualidade, com um trabalho de guitarras superior à média do rock brasileiro e a dinâmica entre os dois vocalistas, que dá um charme e um destaque a mais ao grupo.


V – Legião Urbana (1991)

Essa foi uma escolha difícil, visto que também poderia ter colocado aqui facilmente qualquer um dos três primeiros discos da Legião, todos eles ótimos. Acabei optando por este porque é o mais deprê (eu gosto de discos tristes) de sua discografia (à exceção do A Tempestade, mas esse eu acho um porre de tão chato) e onde a banda se esforçou no lado técnico, onde eles sempre foram bastante fracos. Os caras, que eram maus músicos até para os padrões do punk, se propuseram a fazer um disco de pegada progressiva, e se saíram bem. Os mais de 11 minutos da bela Metal Contra as Nuvens são um bom exemplo disso.

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