terça-feira, 11 de setembro de 2012

Vida e Obra encerrada


O 13º e último episódio de Vida e Obra de um Ninguém foi ao ar semana passada. Agora, é hora de fazer aquele balanço tradicional. De modo geral, gostei muito mais de escrever estes 13 episódios do que todos os 42 de Capangas Contratados (estou contando aí também os episódios da segunda temporada, que já estão no papel).

Foi mais prazeroso de produzir, bem como de ler. Mas claro, só posso falar por mim. O fato é que Capangas sempre foi apenas uma brincadeira com estilos, gêneros e referências. Gosto de tudo isso, mas não me identifico exatamente. Como já devo ter dito num dos textos relacionados a essa Sitcom, não saio por aí dando tiro nos outros ou extorquindo taxas de proteção.

Vida e Obra tem o elemento do pé no chão. Tem muita coisa de verdade, grandes pedaços biográficos, tanto para o protagonista quanto para o autor. Só isso já é suficiente para ela me ser muito mais atraente. Para que eu tenha um carinho especial por ela.

Gostei muito do resultado. É difícil eu ficar satisfeito com um trabalho, mas esse conseguiu. Claro que há sempre uma coisinha ou outra que mudaria se pudesse, isso é normal, faz parte do ofício. O que importa é que consigo acreditar nas tramas (ao menos na maioria delas) e nos personagens. Não só porque eles existem de fato e grande parte dessas coisas aconteceu mesmo. E daí que é verdade? Se eu tivesse escrito mal, ninguém ia acreditar nisso, nem mesmo eu. Acho que essa tarefa, ao menos, eu consegui realizar de maneira satisfatória.

Existem muitas outras histórias a serem contadas. Muita coisa boa ficou de fora e a série poderia ter tido facilmente o dobro de sua duração. Mas eis a encruzilhada: não vou retomá-la. Para mim, essa temporada fechou redonda, e tudo que viesse depois seria apenas repetição do mesmo tema. E, para ser bem franco, esse formato de Sitcom Literária me deu uma cansada (e apesar de ter tido um retorno legal, foi longe do esperado), e preciso de um bom tempo longe dele, se é que vou retomá-lo. Claro, tem a segunda temporada do Capangas, mas depois, quem sabe...

Talvez eu conte essas outras histórias num formato diferente, talvez até em romance, como era para ter sido originalmente, mas isso é coisa bem para o futuro. Tenho outras histórias na fila para tirar da cabeça antes. Talvez eu as acabe deixando de lado e esquecendo, é sempre uma possibilidade.

Não posso encerrar sem antes retomar outro tema bastante falado sobre essa série, seu protagonista e a pessoa que o inspirou. Outro dia minha mãe disse exatamente a mesma coisa que o parceiro Jean Di Barros me falou tantas vezes quando conversávamos sobre a série: seu pai vai pegar mal.

Eu realmente espero que não e reforço que essa nunca foi a intenção. Apesar de não termos o melhor relacionamento do mundo, jamais pretendi usar essa narrativa para descontar mágoas ou como sessão de terapia. Só achei que, apesar de nossos problemas, meu pai é uma figura e tem um monte de histórias interessantes que mereciam ser contadas, ou que inspiraram tramas mais exageradas.

Não perco meu tempo falando de quem não gosto e muito menos escreveria 13 episódios apenas para aplacar qualquer tipo de rixa pessoal. Pelo contrário, não dizem que a sátira é uma das melhores formas de lisonja? Pois então.

Sendo assim: pai, se algum dia você ler a série e este texto aqui, espero que não leve a mal, e sim como uma homenagem. Meio torta, até um pouco sacana, mas ainda assim de boa intenção. Histórias boas devem ser contadas, e as que você inspirou foram feitas com todo carinho possível.

Seja como for, agora estão encerradas. Vida e Obra de um Ninguém está oficialmente terminada. E tenho dito.

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