segunda-feira, 5 de março de 2012

Bibliografia Chuck Palahniuk


Conforme prometido, apresento agora uma rápida geral sobre todos os livros de Chuck Palahniuk, um de meus autores favoritos. Prepare-se para entrar em universos estranhos, povoado por gente esquisita, situações bizarras, humor ácido e críticas pesadas e necessárias. Boa viagem.


Clube da Luta (Fight Club – 1996 / 2000 no Brasil)

O começo de tudo. O romance que virou um dos poucos filmes melhores que o livro. Mas não se engane, é um excelente livro. Sarcasmo cínico, humor negro, críticas pesadas à sociedade e personagens bizarros, toda a base da futura bibliografia de Palahniuk é delineada já nesse seu primeiro romance publicado (mas na realidade o terceiro escrito. O primeiro nunca foi publicado e o segundo é Monstros Invisíveis). Uma leitura empolgante, mas a forma como o narrador conhece Tyler e o final são mais bem resolvidos na versão cinematográfica. Um típico caso de “leia o livro, assista o filme”.

Nota: 9,5


Sobrevivente (Survivor – 1999 / 2003 no Brasil)

O último membro vivo de uma seita maluca sequestra um avião e planeja se matar. Como testamento, narra sua história para ficar registrada na caixa preta. Uma evolução natural de seu trabalho anterior, explorando melhor certos elementos, como ficar dando ao leitor pequenas dicas e curiosidades peculiares (neste caso, diversas dicas de limpeza doméstica pouco convencionais). Além disso, começa a experimentar com a forma da narrativa. No caso, o já referido relato oral para a caixa preta. Uma boa leitura.

Nota: 9


Monstros Invisíveis (Invisible Monsters – 1999 / 2009 no Brasil)

O segundo romance que escreveu, mas apenas o terceiro lançado, nota-se que está fora da ordem. Numa viagem maluca pelos EUA, uma ex-modelo deformada após levar um tiro na cara e sua amiga travesti embarcam numa jornada em busca de vingança. A galeria de personagens bizarros e as duras críticas à cultura das aparências são o que marcam este livro, além das reviravoltas no final.

Nota: 8


No Sufoco (Choke – 2001 / 2005 no Brasil)

Sujeito que dá trambiques em restaurantes fingindo engasgar com a comida pra ganhar dinheiro e pagar as contas médicas de sua mãe lunática é o protagonista desse livro. É o primeiro sinal de cansaço das principais características de Palahniuk. Está tudo aqui, o romance entretém, mas nem de longe como os anteriores. Faltou alguma coisa na mistura. Este também virou filme e também foi uma adaptação bastante fiel do material original.

Nota: 6


Cantiga de Ninar (Lullaby – 2002 / 2004 no Brasil)

Uma antiga cantiga de ninar de origem africana com fama de amaldiçoada pode ser a responsável por uma série de mortes misteriosas. Um grupo de personagens exóticos (como sempre) atravessa os EUA numa aventura na estrada para encontrar e destruir cada cópia do livro contendo a tal da cantiga. Mantém a média de qualidade dos trabalhos do escritor, mas acho que ele desperdiçou aqui um monte de boas ideias (como exemplo, cito a corretora de casas mal assombradas, que dá golpes nos clientes com ajuda dos fantasmas) que não veio a utilizar no desenvolvimento da história, preferindo-a levar em outra direção.

Nota: 7


Fugitives and Refugees (2003 / inédito no Brasil)

Seu primeiro livro de não-ficção, traça um perfil de sua cidade natal, Portland. O autor conta “causos” sobre a cidade e revela lugares e segredos não encontrados nos típicos guias de turismo. É o único de seus livros que não li, pelo tema não muito atraente a quem nunca chegou nem perto da cidade.

Nota: s/a


Diário (Diary – 2003 / 2007 no Brasil)

O mais esquisito dos livros do autor. Escrito de fato como um diário de autoria da protagonista, a esposa de um empreiteiro em coma, para ser lido por este, vai expondo os detalhes de sua vida e do marido numa pequena comunidade isolada. Contudo, a história é meio sem pé nem cabeça e o clímax de teor sobrenatural não ajuda em nada a melhorar essa sensação.

Nota: 6,5 


Mais Estranho Que a Ficção (Stranger Than Fiction – 2004 / 2011 no Brasil)

Seu segundo livro de não-ficção é uma coletânea de artigos e matérias que o autor escreveu sobre encomenda para diversas revistas sobre assuntos variados. Pessoas com profissões e hobbies pouco convencionais compõem a maioria do material. Mas há espaço para o autor falar um pouco sobre seu processo criativo, e até revelar sua pesada história de vida, muito mais inacreditável que qualquer das tramas que ele inventa. É neste livro, saindo de sua área de conforto, que ele mostra como domina a arte da escrita, deixando o leitor tão em sua mão quanto em qualquer um de seus romances. Excelente.

Nota: 10 


Assombro (Haunted – 2005 / 2007 no Brasil)

Mais uma das bizarrices do autor. Um grupo de figuras marginais responde um anúncio misterioso e partem para um retiro de escritores. Enquanto essa trama se desenrola, a narrativa é intercalada com contos e poesias escritos pelos membros do grupo. A história principal é até legal, tipicamente Palahniuk, mas os contos e poesias, assim como com qualquer compilação (ainda que falsa), são irregulares. Gerou polêmica quando de seu lançamento porque o conto que abre o livro é de uma nojeira extremamente aflitiva.

Nota: 6,5


Rant (2007 / inédito no Brasil)

A história do maior assassino serial que já andou pelo mundo (simplesmente por ele ser um agente transmissor da raiva) é contada em forma de relatos de amigos, parentes e outras pessoas que o conheceram. Uma espécie de ficção científica semi-pós-apocalíptica, a história é bastante interessante, principalmente o universo peculiar que os personagens habitam, e a forma documental como é contada torna-a bastante dinâmica. Depois de três romances não tão empolgantes, o autor começa a recuperar a velha forma.

Nota: 8,5


Snuff (2008 / 2010 no Brasil)

Uma decadente estrela pornô quer quebrar um daqueles recordes de transar com o maior número de pessoas num dia só. Três dos homens que estão na fila para ajudá-la nesse intuito são os narradores do livro. Decadência física e moral e a falsidade da beleza são demolidos com muito humor negro, nesse que pra mim é um de seus melhores trabalhos. Só as descrições dos exóticos filmes pornôs que passam no galpão onde os homens da fila estão para mantê-los a ponto de bala já valem a leitura.

Nota:10


Pygmy (2009 / inédito no Brasil)

Um agente de uma pequena república extremista vai aos EUA e se infiltra numa típica família suburbana, como um estudante de intercâmbio. Sua missão: estudar o inimigo e eventualmente provocar um atentado, insuflando o terror no coração da pátria demoníaca. Cada capítulo é escrito como um relatório a seus superiores, no mesmo inglês sofrível falado pelo protagonista. A ideia é muito boa, o tema é polêmico como o autor gosta, mas acho que rendia muito mais do que o resultado final. Ainda assim, vale a leitura.

Nota: 8


Tell-All (2010 / inédito no Brasil)

Uma envelhecida estrela de cinema das antigas passa seus dias de aposentada bem longe dos tempos de glória. As coisas melhoram quando ela encontra um galanteador homem muito mais jovem. No entanto, sua assistente/doméstica descobre que o sujeito só se aproximou dela porque está escrevendo a sua biografia sensacionalista. E o livro acabará com a sua morte. Mirando sua metralhadora giratória no mundo fútil das celebridades e das falsidades de Hollywood, a história é apenas mediana. Um livro que não empolga tanto quanto os anteriores.

Nota: 6


Damned (2011 / inédito no Brasil)

Seu romance mais recente é outro que entra, ao lado de Clube da Luta e Snuff, como um dos meus favoritos do autor. A filha pré-adolescente de uma estrela do cinema e de um bilionário morre e vai pro inferno. Lentamente vai descobrindo que o lugar, apesar da má reputação, pode ser até melhor que o mundo dos vivos. Palahniuk afiadíssimo, destilando sarcasmo contra a vida moderna, ricos que querem passar imagem de correção política e consciência social e, sobretudo, à geração saúde que pensa que pode tapear a morte cortando a carne vermelha. Pra completar, ainda abusa de referências a O Clube dos Cinco, e a descrição do inferno e seus habitantes é de um bom humor (negro) singular. Leitura recomendada.

Nota: 10

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