sexta-feira, 4 de maio de 2012

Discografia Radiohead – Parte I


Em minha missão contínua para apresentar a discografia de minhas bandas preferidas, chegou a vez de falar daquela que ocupa o posto número dois em meu Top 5 de todos os tempos, o Radiohead, aquela que é, sem qualquer sombra de dúvida, a mais influente e importante banda de rock em atividade.

Com uma liberdade criativa e capacidade para experimentar sem precedentes, a banda não se prende a vontades de mercado, e nem mesmo à de seus fãs, e sua sonoridade a cada novo trabalho é tão diferente quanto surpreendente. E mesmo com essa grande esquizofrenia musical, sua base de fãs se mantém firme e forte, sempre ansiosa para saber como o grupo irá soar a seguir.

Formado na região da cidade universitária de Oxford, Inglaterra, em 1985, por Thom Yorke (vocais, guitarra e teclados), Ed O’Brien (guitarra), Colin Greenwood (baixo) e Phil Selway (bateria), posteriormente o grupo ganhou a adição do irmão caçula de Colin, Jonny Greenwood (guitarra, teclados e demais instrumentos esquisitos), que, ao lado de Thom Yorke, é uma das grandes forças criativas da banda.

Tirando seu nome de uma música dos Talking Heads, a banda penou alguns anos no circuito de rock universitário da Inglaterra, deu uma parada para seus integrantes cursarem a faculdade, e retornou com eles já formados (à exceção de Jonny, mais novo que os outros) para que enfim pudessem gravar seu primeiro disco, lançado ainda em meio ao furacão grunge.
  

Pablo Honey (1993)

O disco de estreia do Radiohead fez com que eles fossem chamados por parte da imprensa internacional de “Nirvana britânico”. De fato, a influência do grupo de Seattle se faz notar por todo o disco, assim como ecos de Pixies e Sonic Youth. Muitas influências em primeiro plano num álbum que carece um pouco de identidade própria. Há ótimas músicas, como o sucesso Creep, a irônica Anyone Can Play Guitar e a balada Thinking About You. De fato, a primeira metade do disco é muito boa, com rocks acelerados e baladas levadas pelas guitarras. O problema, além da falta de uma cara própria já citada, é que a segunda metade perde fôlego e as faixas se tornam repetitivas. Mas para uma estreia, está de bom tamanho.

Nota: 7


The Bends (1995)

É aqui que a banda encontra sua própria identidade, cria seu estilo e comete um dos meus discos favoritos de todos os tempos. Sem dúvida, o meu preferido deles, até mais que OK Computer. 12 faixas de uma beleza monumental, impossível pular uma sequer. Tem rock guitarreiro com The Bends, Just e My Iron Lung e baladas depressivas com High and Dry, Fake Plastic Trees e (Nice Dream), só para ficar em alguns exemplos, até culminar na última faixa, a climática Street Spirit (Fade Out). Um dos grandes discos de rock da década de 90 e a primeira obra-prima da banda. Essencial.

Nota: 10


OK Computer (1997)

Este é um daqueles discos que são o retrato perfeito de uma geração (a letra de No Surprises é uma pequena pérola sobre a vida moderna). Até por isso, e sua gigantesca qualidade, claro, é tido como o último grande disco de rock lançado. E já se vão 15 anos! Aqui a banda incorpora elementos do rock progressivo e deixa sua sonoridade mais viajandona e também, se é que isso é possível, mais tristonha. Desde a abertura com Airbag, narrando um acidente de carro, passando pela épica Paranoid Android e sua referência a Douglas Adams, Karma Police, a perfeita Let Down (a minha favorita da banda) até o final, com The Tourist e o narrador pedindo para algum idiota ir mais devagar ao volante, o que denota uma espécie de narrativa cíclica, é mais um trabalho irretocável, que também merece o título de obra-prima. Contudo, diferente de The Bends, não o considero um disco para ser ouvido em todos os momentos. E a vinheta Fitter Happier (narrada pelo programa de voz de um Macintosh) dificilmente merece uma segunda audição. Mas mesmo assim, é um puta disco.

Nota: 10


Kid A (2000)

Após o sucesso estrondoso de OK Computer, veio a dúvida: para onde ir musicalmente a seguir? Fazer mais do mesmo ou tentar algo novo? Esse questionamento quase implode o grupo, até que por fim eles encontram a resposta que pegou todo mundo de surpresa: fazer colagens sonoras eletrônicas, praticamente encostando as guitarras que fizeram sua fama. Parecia suicídio comercial, mas o disco liderou as paradas e provou que integridade artística pode sim ser sinônimo de sucesso. Muitos críticos estadunidenses, por falta de um rótulo melhor, classificaram esse como um trabalho de jazz. Abrindo com as repetições de Everything in Its Right Place, a levada de baixo de The National Anthem, a mais normalzinha Optimistic e a dançante Idioteque, esses são os destaques. Escutado com a mente aberta, é um ótimo disco.

Nota: 8,5


Amnesiac (2001)

Composto por músicas gravadas nas sessões de Kid A e que acabaram ficando de fora daquele álbum, de maneira alguma são “sobras”, pois as canções têm qualidade mais que suficiente para sustentar este disco. Pyramid Song, You and Whose Army?, Knives Out e The Morning Bell/Amnesiac são os pontos altos. O problema é que o choque da surpresa de Kid A aqui já não existia mais e, convenhamos, entre essa fase esquisita/eletrônica e a saudosa fase das guitarras, acho que ninguém prefere esta aqui.

Nota: 7,5

Nenhum comentário:

Postar um comentário