segunda-feira, 7 de maio de 2012

O pesadelo do tempo


Outro dia acordou assustado de uma noite agitada, como há muito não acontecia.  Sonho inquietante, daqueles que o impediu de voltar a dormir. O fez se sentir culpado por perder tempo na cama, pois girava justamente em cima disso. O tempo.

Sonhou que perdia tempo. Escapava-lhe numa velocidade impressionante. Fugia-lhe fisicamente, não apenas metaforicamente. Abandonava-o como boas ideias, com facilidade desconcertante. Num momento era manhã, no seguinte fim de tarde, as primeiras penumbras da noite já se avizinhando.

Como isso aconteceu? Sentia ser estranho até para a física torta dos sonhos. Perdeu muito tempo tentando decifrar o que havia de errado naquele cenário. De novo a palavra aqui é tempo. Quando finalmente se deu conta, já havia sido engolido pela madrugada e ficou horrorizado. Aonde aquele dia que mal havia ainda nascido foi parar? Não podia ter se acabado, vindo e ido embora na velocidade de um raciocínio. Mas foi o que aconteceu, o que o perturbou.

O termo “contagem regressiva” veio-lhe imediatamente à mente. A sensação de que ela chegaria ao fim se não saísse logo dali tomou todo seu corpo. No fim, foi o que o fez acordar, o corpo dolorido, cheio de espasmos, todo torto na cama, uma salvaguarda para o subconsciente perdido entre realidade e ficção.

Sentiu-se gradativamente melhor com o passar dos dias, mas a sensação não chegou a desaparecer por completo, bate no fundo de sua mente como um pêndulo, lembrando-o constantemente dos ponteiros a se mexerem em ritmo acelerado. Logo será noite novamente. Qualquer dia desses se perde de vez em pensamentos. Qualquer dia desses o tempo lhe escapa.

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