sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Discografia Echo & The Bunnymen: Parte I – Os discos de estúdio – a fase áurea


O Echo & The Bunnymen é minha banda favorita de todos os tempos, ao ponto de ser quase uma obsessão. Então já estava mais que na hora de homenageá-los de alguma forma. O meio escolhido, foi justamente falando sobre seus discos. Mais simples impossível.

Formado na cena pós-punk de Liverpool, o quarteto que não é os Beatles tem uma sonoridade toda própria, inimitável, que serve de influência para bandas que vão do Interpol ao Coldplay. Contudo, os velhos homens-coelho, na ativa até hoje, ainda fazem melhor e continuam lançando seus discos e se superando em apresentações ao vivo, algo que sempre foi um de seus grandes pontos fortes. A seguir, apresento uma geral por todos os álbuns de estúdio da banda, mas antes, uma pequena introdução histórica.

O grupo foi formado no final de 1978 como um trio composto por Ian McCulloch (vocais e guitarra base), Will Sergeant (guitarra solo) e Les Pattinson (baixo), além de uma bateria eletrônica chamada Echo que só possuía quatro ritmos. Já no ano seguinte, a banda lança seu primeiro compacto independente, The Pictures on My Wall, que conquista muitos elogios da crítica e também um contrato com uma gravadora, a Korova (um selo da Warner). Sua única exigência antes de deixar a banda entrar em estúdio para gravar seu primeiro álbum foi que eles arranjassem um baterista de verdade. Pete de Freitas entra para a banda e o Echo & The Bunnymen consolida sua formação clássica.
   

Crocodiles (1980)

O ótimo disco de estreia da banda é pós-punk básico, muito porque eles ainda não sabiam tocar direito. Bateria seca, baixo circular e guitarra econômica (hoje em dia é moda chamar de “angulosa”). Tudo amparado pelo vocal grave de McCulloch. O single Rescue até hoje é uma das músicas mais famosas do grupo. Mas faixas como as roqueiras Villiers Terrace (uma das minhas favoritas), All That Jazz e a própria faixa-título, além da soturna regravação de Pictures on My Wall (agora com Pete de Freitas na bateria) também são pontos altos.

Nota: 9

 
 
Heaven Up Here (1981)

A evolução dos integrantes como músicos (principalmente do guitarrista Will Sergeant) salta aos ouvidos já nesse segundo disco, o que se reflete em músicas mais elaboradas (e, consequentemente, com maior tempo de duração). Também é o disco de sonoridade mais dark da banda (embora não seja um trabalho depressivo) e calha de ser o meu favorito. 11 músicas irretocáveis. Dentre elas, destaque para Show of Strength (com um riff matador), With a Hip, Over the Wall, A Promise, a faixa-título, All My Colours e No Dark Things. Tão perfeito quanto a sua bela capa.

Nota: 10

  
  Porcupine (1983)

O Echo começa a experimentar diferentes sonoridades. Canções com andamentos quebrados, finais súbitos, e, sobretudo, os violinos de tons orientais do indiano Shankar (não é o Ravi) dão a tônica de mais um grande disco, porém o mais difícil da banda. Destaque também para as letras de McCulloch, usando o poético para refletir sobre o momento difícil pelo qual passava o grupo. Destaque para os singles The Back of Love e The Cutter e também para as hipnóticas Clay e Heads Will Roll.

Nota: 9,5
    

   
Ocean Rain (1984)

Apontado por 10 entre 10 críticos como a obra-prima dos Homens-Coelho (menos eu, que apesar de o achar um discão, ainda prefiro o Heaven Up Here), Ocean Rain mostra a banda em seu ápice criativo. Sonoramente, é praticamente um disco semi-acústico (foi inteiro composto com violões e até o solo de My Kingdom é um violão passado por um antigo alto-falante de um rádio valvulado), privilegiando as belas melodias das novas composições. The Killing Moon, o maior clássico da banda, está aqui, bem como os singles Silver e Seven Seas, além da psicodélica Thorn of Crowns (outra das minhas favoritas) e da belíssima faixa-título, que até hoje é a música de encerramento de seus shows.

Nota: 10
   

   
Echo & The Bunnymen (1987)

Já este é o pior da carreira deles. Fraco, pouco inspirado e, principalmente, lotado do que de pior os anos 80 tinham a oferecer musicalmente: sintetizadores, tecladinhos sem vergonha, bateria com eco, coisas que nunca haviam transparecido antes em sua sonoridade. Salvam-se os singles The Game e Lips Like Sugar (com qualidade própria para virarem clássicos da banda), a regravação da cool Bedbugs and Ballyhoo e, forçando a barra, New Direction, pelos vocais de Ian. O resto é esquecível. Pena que este Grey Album, como ficou conhecido por causa da capa cinza, foi o último da banda com sua formação clássica. Ela merecia uma despedida melhor.

Nota: 4,5
   

   
Reverberation (1990)

Em 1988 Ian McCulloch saiu da banda atrás de uma carreira solo que nunca vingou. O trio remanescente resolveu seguir em frente e manter o nome Echo & The Bunnymen. Efetivaram o tecladista Jake Brockman (que tocava com eles há anos como músico de apoio) na formação e puseram o irlandês Noel Burke nos vocais. Contudo, em 1989 o baterista Pete de Freitas morreu num acidente de moto justamente quando estava indo a Liverpool para conhecer Burke. Mesmo assim, a banda seguiu em frente com Damon Reece nas baquetas.

O resultado é... meia-boca. Não é um disco ruim (é bem superior ao Álbum Cinza, por exemplo), mas Bunnymen sem McCulloch é estranho, pra dizer o mínimo. Se eles tivessem trocado de nome, talvez o disco pudesse ser mais bem aceito. Como disse, não é desprovido de qualidades. Com Will assumindo as rédeas, temos doses cavalares de psicodelia, mas a produção e, sobretudo, a mixagem, são muito ruins. O baixo de Les Pattinson está inaudível, a bateria genérica de Reece está demasiadamente à frente e o que seria a principal característica dessa nova formação, as guitarras de Will, estão sem nenhum peso. Com um outro nome e uma mixagem mais caprichada, poderia ser bem melhor. Do jeito que está, ficou razoável.

Nota: 5,5

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