sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Discografia Echo & The Bunnymen: Parte II – Os discos de estúdio – a fase da volta


Leia também:
- Parte I: Os discos de estúdio - a fase áurea 

As vendas de Reverberation (o disco do Echo sem Ian McCulloch) foram pífias, o trabalho foi achincalhado pela crítica e o público dos shows foi minguando, fazendo com que Will Sergeant decretasse o fim da banda por volta de 1992. Ao mesmo tempo, a carreira solo de McCulloch também ia de mal a pior. Seus dois discos solo também venderam muito pouco, também não conquistaram a simpatia da crítica. E seus shows estavam sendo realizados em casas cada vez menores, o que o fez desistir da empreitada mais ou menos na mesma época em que Will encerra as atividades do Echo & The Bunnymen.

Na parte de hoje, analisarei os discos da ressurreição da banda, já no final da década de 90. Começando com aquele que não é exatamente um disco do Echo & The Bunnymen, mas vale fazer parte dessa lista por ser o catalisador desse retorno.


 
Electrafixion – Burned (1995)

Em 1994, com a carreira solo de McCulloch e o Echo capitaneado por Sergeant mortos e enterrados, Ian e Will se reencontraram, fizeram as pazes e criaram uma nova banda, o Electrafixion. Após lançarem um EP (Zephyr), soltaram este disco completo, intitulado Burned.

Porém, quem espera uma sonoridade parecida com os Bunnymen, terá uma surpresa. Altamente influenciados pelo Nirvana na época, o som de Burned é muito mais pesado que qualquer coisa que o Echo já fez. A guitarra de Will tem muito mais sujeira e os vocais de McCulloch nunca foram tão agressivos. Excelente surpresa.

Nota: 9


Evergreen (1997)

Durante os shows do Electrafixion, a banda começou a tocar um ou outro cover dos Bunnymen, para a alegria da plateia. Quando perceberam que a progressão foi mudando e já estavam tocando mais músicas do Echo que do Electrafixion, Ian e Will decidem ressuscitar o Echo e trazem Les de volta. O primeiro disco do retorno é ótimo. A voz de Ian já estava baleada (e só pioraria mais a cada disco subsequente), mas ainda tinha alcance e a banda investiu numa sonoridade pop sem esquecer seu passado esquisito, pós-punk e meio sombrio. Faixas como I Want to Be There (When You Come), a balada Nothing Lasts Forever e a roqueira Altamont são grandes momentos, mas são as viajandonas Empire State Halo e Just a Touch Away que mostram que o trio ainda tinha lenha pra queimar.

Nota: 9


What Are You Going to Do with Your Life?  (1999)

Les Pattinson decide largar a banda no começo das gravações e se aposentar da música. Reduzidos a uma dupla, fica bem claro que era Les o responsável por manter o equilíbrio de poder entre vocalista e guitarrista. Como resultado, a balança pende para o lado de McCulloch e esse disco parece muito mais um trabalho solo seu do que um disco do Echo (a própria banda admite isso). Cheio de baladinhas açucaradas, a guitarra de Will aparece esparsa e tímida. Encarado como um disco de Ian (com Will como guitarrista convidado), é seu melhor trabalho solo. Como uma obra dos Bunnymen, é um disco bonitinho, mas pouco perto do legado da banda.

Nota: 7


Flowers (2001)

Dessa vez a balança pende para o lado de Will e a situação se inverte. Quase um solo do guitarrista, com Ian como vocalista de aluguel. Muita psicodelia, efeitos de guitarra e o peso que faltou no álbum anterior. Se fosse um EP com as sete primeiras canções, seria ótimo. Como tem mais quatro músicas genéricas, incluindo Burn for Me, uma patética tentativa de ser uma nova Ocean Rain, acaba como um trabalho apenas regular.

Nota: 6,5


Siberia (2005)

A dupla traz de volta Hugh Jones (produtor do fodão Heaven Up Here) como tentativa de restaurar a harmonia entre as partes e a empreitada funciona. Siberia é o melhor disco da fase da volta da banda e não faz feio entre seus clássicos dos anos 80. Will inspirado como nunca e Ian fazendo milagre com o fiapo de voz que lhe restou (resultado de anos de excesso de bebida, cigarros e, dizem as más línguas, aquele pozinho branco de cheirar). Faixas como Stormy Weather, In the Margins e Parthenon Drive dão a tônica do álbum. Scissors in the Sand parece ter vindo direto dos tempos de Electrafixion e a música-título poderia muito bem estar no tracklist de Porcupine. Um dos melhores discos dos anos 2000.

Nota: 9,5


The Fountain (2009)

O último de estúdio da banda tenta retomar a sonoridade mais pop de Evergreen, mas as novas composições não são tão inspiradas. É o tipo de disco competente, mas que sempre vai perder na preferência se posto ao lado do resto da discografia da banda. Legal, bem executado, mas não deixa de ser um tanto dispensável. Depois de Siberia, era de se esperar algo mais memorável. Think I Need It Too e Do You Know Who I Am? são boas, mas não se sustentam tão bem se comparadas aos velhos tempos (ou mesmo com as faixas de Siberia).

Nota: 6

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